Carta foi divulgada nas redes sociais do governador Lalu Muhamad IqbalReprodução / Redes Sociais
Governador de província onde Juliana Marins morreu reconhece falhas de segurança na trilha
Lalu Muhamad Iqbal ainda destacou que as equipes de resgate possuem limitações para atuar no local
Rio - Lalu Muhamad Iqbal, governador da Sonda Ocidental, província na Indonésia onde a brasileira Juliana Marins morreu, se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto em um vídeo publicado nas redes sociais, no último sábado (28). O político admitiu que há falhas na infraestrutura de segurança da trilha do Monte Rinjani e que as equipes de resgate possuem limitações para atuar no local.
A publicitária sofreu uma queda na trilha no dia 21 deste mês. No mesmo dia, ela foi encontrada por turistas espanhóis, que passaram a monitorá-la, fazendo fotos e vídeos, inclusive com uso de um drone. As imagens mostraram a vítima sentada em uma área inclinada, aparentemente com dificuldade de se levantar.
Na segunda-feira (23), a niteroiense foi localizada novamente por um drone, já sem movimentos, indicando falta de sinais vitais, depois de descer ainda mais no penhasco. De acordo com a família, o corpo estava a cerca de 650m de distância do local da primeira queda quando o resgate ocorreu nesta quarta-feira (25).
De acordo com Igbal, o número de equipes certificadas para o resgate vertical na região é insuficiente. Ele ainda reconheceu que os socorristas carecem de equipamentos avançados para tais atribuições.
"Reconhecemos que a infraestrutura de segurança ao longo das trilhas de Rinjani precisa ser aprimorada, visto que esta montanha deixou de ser um destino de trekking [caminhada] e se tornou atração turística internacional. Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, em iniciar uma revisão abrangente com todas as partes interessadas. Garanto que tomaremos medidas concretas para aprimorar nossa preparação para quaisquer emergências ou desastres futuros", destacou.
Ainda segundo Lalu, as condições climáticas dificultaram o resgate. O político afirmou que helicópteros não puderam pousar no local devido ao risco da areia entrar nos motores e tornar a operação insegura.
"Quero garantir que, desde o primeiro momento em que fomos informados do acidente, nossa equipe de resgate agiu com urgência e dedicação. Eles colocaram sua própria segurança em risco para cumprir sua missão. Muitos deles eram voluntários, movidos unicamente por compaixão e humanidade. No entanto, apesar dos esforços de nossas equipes de resgate, nossas operações foram significativamente desafiadas pelas forças da natureza. A neblina espessa e a chuva persistente dificultaram o resgate desde o primeiro dia, dificultando até mesmo a detecção precisa de coordenadas por drones térmicos. Por favor, entendam que compartilho isso não como uma desculpa, mas como um reconhecimento transparente de nossas limitações atuais", comentou.
O governador prestou solidariedade à família de Juliana: "Expressamos nosso profundo pesar e solidariedade à família enlutada e ao povo brasileiro. A sua perda é verdadeiramente a nossa perda. Esperamos recebê-los novamente em nossa ilha em tempos melhores", finalizou.
A trilha no parque do Monte Rinjani foi reaberta no último sábado (28). A administração pediu "segurança em primeiro lugar" e o uso dos trajetos oficiais, mas não informou se foram aperfeiçoados os protocolos de segurança do local.
Família aponta negligência
Mariana Marins, irmã da publicitária, fez uma postagem nas redes sociais, após o resgate do corpo, falando sobre negligência durante o trabalho.
"Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva. Juliana merecia muito mais! Agora nós vamos atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece", escreveu.
A autópsia realizada na Indonésia revelou que a morte aconteceu 20 minutos depois do trauma provocado por uma das quedas. Os ferimentos causaram danos a órgãos internos e hemorragia. Segundo o médico-legista Ida Bagus Putu Alit, o impacto causou sangramento na cavidade torácica, além de fraturas pelo corpo. O especialista ainda acrescentou que não tinha sinais de hipotermia, pois não havia ferimentos provocados pela condição, como lesões nas pontas dos dedos.
Juliana pode ter morrido dias depois da primeira queda. Ainda segundo Alit, em entrevista à rede de TV BBC Indonésia, a morte teria ocorrido na quarta-feira (25), entre 1h e 13h no horário local - equivalente a entre 14h de terça-feira (24) e 2h da madrugada de quarta no horário de Brasília. A estimativa foi feita com base nas condições do corpo, removido do local no mesmo dia.
Apesar disso, o especialista afirmou que é difícil determinar com precisão o momento exato da morte, já que fatores como a forma de transporte do corpo e as condições climáticas locais podem interferir nas análises.
A família, que criticou a forma como recebeu as informações sobre o laudo, informou, nesta segunda-feira (30), que a Defensoria Pública da União (DPU) pediu à Justiça Federal uma nova autópsia.
Parentes aguardam o retorno do corpo para o Brasil. A Prefeitura de Niterói, na Região Metropolitana, pagou R$ 55 mil para o translado. Ainda não há informações sobre quando a volta ocorrerá.




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