O velório de Juliana Marins ocorre no Cemitério Parque da Colina, em Niterói nesta sexta-feira (4) Érica martin/Agência O Dia

O Governo da Indonésia vai rever os protocolos de segurança do Monti Rinjani, onde morreu a brasileira Juliana Marins, de 26 anos. Em despedida no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana, nesta sexta-feira (4), o pai da publicitária, Manoel Marins, revelou que as mudanças trazem a sensação de que a morte da filha não será em vão.

"Se eles conseguissem evitar que novas mortes aconteçam, eu vou sentir que a morte dela não foi em vão. Um mês antes dela morrer já havia tido uma morte, uma semana depois um outro rapaz caiu, foram mais de 150 acidentes no mesmo local nos últimos 5 anos, se nós tirarmos os dois anos de pandemia em que as restrições de viagens foram grandes, dá praticamente um acidente a cada cinco dias. Então, é muita coisa", contou.

Manoel frisou ainda a diferença de resgate em comparação ao Brasil. "Nos vivemos em um país em que estamos acostumados a um resgate pronto e imediato, quando alguém sofre acidente vemos nossos bombeiros chegando rapidamente para o socorro, mas eles não tem esse recurso. Se os voluntários não tivessem chegado, Juliana não teria sido resgatada, só foi graças a eles, porque a Defesa Civil só conseguiu chegar a 400 m e ela tava a 600m", disse.

Em entrevista à imprensa, ele criticou a demora para o resgate e a negligência do guia, que teria saído para fumar e deixado Juliana sozinha.

"O parque entrou em contato com o serviço de Defesa Civil muito tempo depois, se tivesse entrado em contato logo, o desfecho seria outro. Se a Defesa Civil tivesse sido acionada imediatamente, certamente teria tempo de chegar até ela. Os protocolos do parque são muito mal feitos", lamentou.

Governo garante mudanças

Através das redes sociais, o Ministro das Floresta da Indonésia, Raja Juli Antoni, publicou que uma reunião de trabalho, realizada na terça-feira (2), decidiu mudanças na segurança do Monte Rinjani.

"Não podemos jogar com vidas. Estamos seriamente ajustando o procedimento operacional padrão (POP) para escalada — desde Lixo Zero, Acidentes Zero, placa de sinalização livre, abrigos prontos, até caminhos de amostra com padrões internacionais", disse.

O político afirmou ainda que em um futuro próximo, oito membros da equipa Rinjani, incluindo Bang Agam Rinjani, irão juntar-se à certificação internacional de resgate em Bandung. “Mais tarde, eles se tornarão treinadores (TOT) para carregadores e outros guias, para que a caminhada seja mais segura. O governo não é anti-crítica. Continuamos a melhorar os meios, os meios, e a garantir que todos os alpinistas regressem em segurança”, finalizou.
Relembre o caso
Juliana desepareceu após cair da trilha no Monte Rinjani no último dia 21. Na ocaisão, ela foi localizada no sábado (21) por turistas espanhóis que passou a monitorá-la, fazendo fotos e vídeos, inclusive com uso de drone. As imagens mostram a niteroiense sentada em uma área inclinada, aparentemente com dificuldade de se levantar e retornar.

Segundo o Parque Nacional do Monte Rinjani, as condições climáticas impediram o uso de helicóptero para o resgate, porém sete socorristas conseguiram se aproximar do ponto onde a vítima se encontrava na segunda-feira (23). No entanto, eles tiveram que montar um acampamento no local ao anoitecer. Na terça (24), a morte foi confirmada.