Rio – Na noite do dia 23 de fevereiro, Igor Melo sofreu dois baques de uma só vez. O estudante de jornalismo e idealizador de um canal de YouTube destinado ao noticiário do Botafogo havia acabado de sair de um bar na Penha, Zona Norte, onde complementava renda como garçom, quando foi baleado por um policial militar reformado, que o acusou injustamente de assalto. Passados seis meses do episódio, ele garante que ainda dói: tanto o corpo, pelas sequelas do tiro, quanto o próprio orgulho, por ser acusado de um crime que não cometeu.
Igor postou no Instagram uma foto da cicatriz deixada pela cirurgia realizada após o tiroReprodução/Instagram
Isso porque, Igor, internado devido ao tiro, e o mototaxista Thiago Marques Gonçalves chegaram a ser detidos por algo que não fizeram: o roubo do celular de Josilene da Silva Souza, mulher do PM reformado Carlos Alberto de Jesus. Na ocasião, Carlos decidiu prender os supostos assaltantes por conta própria com base no relato dela.
Mas apesar de a acusação contra as vítimas ter sido arquivada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) cerca de duas semanas depois, a palavra "injustiça" ainda martela a cabeça do influenciador. Até o momento, quem o baleou e o apontou como criminoso está nas ruas.
"O sentimento é de impunidade. Saí da mesa de cirurgia algemado por um crime que não cometi. Já quem tentou me matar segue vivendo sua liberdade plena", questionou Igor, em entrevista a O DIA.
Em 13 de maio, a Justiça acatou denúncia do MPRJ e tornou o casal réu. Carlos Alberto por tentativa de homicídio qualificado, por motivo torpe e de modo a fim de dificultar a defesa da vítima; e Josilene por falso testemunho. Desde então, eles aguardam julgamento em liberdade.
Em meio à expectativa por justiça, Igor retoma a vida aos poucos. Há cerca de três meses, ele concilia o canal Informe Botafogo com o ofício de setorista do clube na Rádio Craque Neto. Depois de se recuperar, o próprio apresentador e ex-jogador o convidou para a função.
Aquela noite do dia 23, no entanto, não deixa de se fazer presente no dia a dia de Igor. "Ainda sinto dores quase que diárias e continuo tomando remédios para dormir, para ansiedade e depressão", relatou.
Em postagem no Instagram, feita em referência aos seis meses do crime, ele mostrou as marcas deixadas pelas cirurgias. E, na legenda da foto de uma cicatriz no abdômen, aproveitou para reforçar o pedido de punição aos que o feriram: "Só peço justiça. Nada mais".
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