Marilha Antunes morreu por complicações de uma hidrolipoenxertia no glúteoReprodução / Redes Sociais

Rio - A Delegacia do Consumidor (Decon) realiza uma operação contra a equipe envolvida na morte de Marilha Menezes Antunes. A jovem passou por um procedimento estético no Centro Médico Amacor Saúde, em Campo Grande, na Zona Oeste, e não resistiu à complicações da cirurgia. Nesta quarta-feira (1º), os agentes cumprem mandados na Zona Norte e na Baixada Fluminense. O médico e duas responsáveis pelo estabelecimento já foram presos. 
A ação desta terça-feira acontece depois que trabalhos de inteligência da Decon apontaram mais falhas durante a cirurgia realizada na técnica de Segurança do Trabalho. A especializada atua para coletar novas provas para as investigações, que está em fase final. Os agentes cumprem oito mandados de busca e apreensão em endereços de Bonsucesso, Cascadura, Irajá, Jardim América e Vista Alegre, na Zona Norte do Rio, e no município de Mesquita, na Baixada Fluminense. 
Entre os alvos, está a enfermeira Sabrina Rabetin, suspeita de ter aplicado o anestésico em Marilha e que confessou ter feito as marcações cirúrgicas. Além dela, uma secretária e, na casa dela, foram encontradas receitas médicas em branco. As buscas também ocorreram contra captadoras, que recebiam comissões quando apresentavam clientes para a enfermeira. Elas ainda faziam falsas promessas para as pacientes e ofereciam pacotes e brindes. 
"Os valores praticados eram aquém daquele praticado no mercado convencional. Negligenciavam as normas de segurança e colocavam em risco as consumidoras", explicou o delegado Wellington Pereira Vieira. As mulheres foram conduzidas para prestar esclarecimentos na sede da Decon, na Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte. O Centro Médico Amacor Saúde está totalmente interditado desde o último dia 11. No estabelecimento, foi encontrada grande quantidade de medicamentos vencidos no carrinho de parada cardíaca, que estava no local em que Marilha morreu.
Entenda o caso
No dia 8 de setembro, a técnica de Segurança do Trabalho Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, passou por uma hidrolipoenxertia no glúteo, no Centro Médico Amacor Saúde, após juntar dinheiro para dar o procedimento a si mesma como presente de aniversário. A vítima, no entanto, sofreu complicações na cirurgia e acabou não resistindo. A Polícia Civil aponta que houve erro médico.  
Familiares afirmam que a jovem não recebeu assistência e que houve demora para acionar o socorro. Segundo uma irmã, o médico José Emílio de Brito omitiu ter perfurado um órgão de Marilha, dizendo apenas que a jovem havia sofrido uma broncoaspiração e parada cardíaca. Mas, o laudo da necropsia concluiu que ela morreu por choque hipovolêmico, hemorragia interna e ação perfuro contundente. 
Parentes destacam que Marilha era saudável e havia completado 28 anos em 1º de setembro. Ela deixou um filho de 6 anos. No último dia 10, duas gerentes do centro médico foram presas em flagrante e medicamentos vencidos encontrados no centro cirúrgico, na farmácia e no carrinho de parada cardíaca, que estava no local em que a jovem morreu. Em outras salas, também havia remédios sem a devida identificação de validade e origem.
Já no dia 15 de setembro, o médico responsável pelo procedimento estético foi preso em casa, na Tijuca, Zona Norte. José Emílio responde pelos crimes de homicídio e falsidade ideológica. Além da Polícia Civil, a morte da técnica é investigada também pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), que realizou uma fiscalização na clínica. Uma sindicância foi aberta para apurar os fatos e o procedimento corre em sigilo.