Mateus Pereira dos Santos caiu com o carro na Baía de Guanabara na madrugada de 21 de agostoArquivo pessoal / Corpo de Bombeiros
Em depoimento ao DIA, Laiz Menezes dos Santos, filha de Mateus, revelou que a família está angustiada por não ter notícias sobre o caso do ambulante depois de 47 dias. "É muito angustiante. É como se a gente vivesse um luto eterno, porque não teve o enterro, não teve um sepultamento, não teve corpo presente, meu pai não foi achado até agora", lamenta.
Laiz, que mora no Rio Grande do Norte, depende dos parentes para ter notícias sobre as investigações, mas, de acordo com ela, as respostas das autoridades são sempre as mesmas. “Eu não tenho resposta nenhuma. A todo momento eu estou mandando mensagem para a delegacia. Eu só sei algumas coisas porque minha mãe e meu tio vão até a delegacia e procuram, mas as respostas são sempre as mesmas: que as buscas continuam, que a investigação continua… A gente não tem novidade nenhuma. Eu me sinto, muitas vezes, sendo negligenciada nessa situação”, desabafa.
“Se ninguém for atrás, a gente não tem resposta nenhuma. Eu não sei se de fato está sendo investigado, se não está… Eu não sei. Queria muito que fosse investigado. ‘Ah, mas ele caiu’. Mas por que ele caiu? Ele teve infarto, mal súbito?”, completa Laiz, angustiada.
Para Laiz, já não há mais esperança de que Mateus seja encontrado com vida, mas a dor de não ter uma despedida é o principal sentimento. “Pelo tempo e pela situação que foi, não tenho mais esperança de encontrar ele vivo, não. Existem galerias ali embaixo, que os Bombeiros disseram que não fazem buscas, a água é muito poluída, navios com milhões de toneladas passam por ali, existem pequenas ilhas… cada vez mais a esperança se vai”, confessa.
“Eu, que trabalho na área da saúde como técnica de enfermagem, costumo dizer que quando a gente tem um parente doente no hospital e ele morre, a gente está vendo que foi uma doença, a gente enterra, tem o corpo presente, faz o sepultamento, o velório... Enquanto a gente viu cair, não viu ele, não tivemos o corpo, não foi achado. É uma coisa que eu vou carregar para o resto da vida. É um luto eterno, que não tem como terminar. O que aconteceu? Houve maldade? Não sei, passam inúmeras coisas na minha cabeça”, relata abalada.
“No local onde o carro do meu pai caiu e foi encontrado, não existe guarda-corpo. Ali não era um ambiente de carro, mas existem patins, patinetes, bicicletas, corredores… querendo ou não, é um local onde existem muitos pedestres e crianças. É muito fácil acontecer um novo acidente. É necessário, naquele local, um guarda-corpo”, pede.
Embora a dor permaneça a todo o instante, Laiz diz que precisa se esforçar para voltar às demandas diárias. “A gente tem que voltar. Tentar voltar ao nosso lugar. Trabalhar, tentar viver. A gente precisa tentar viver. A qualquer momento em que me liga um número que eu não conheço do Rio de Janeiro, é como se houvesse uma notícia de que apareceu alguma coisa, alguma parte do corpo. É como se a gente vivesse um dia de cada vez, mas aguardando alguma resposta, uma ligação a qualquer momento”, afirma.
Atualmente, o que ela mais quer são respostas. “Meu maior desejo hoje é o de que a investigação de fato chegasse para a gente dissesse: ‘Olha, seu pai estava dentro do carro, eu estou aqui te mostrando, ele caiu de verdade dentro da água e a gente não tem o que fazer, porque a Baía é muito grande’. Queria que fosse me mostrado de fato que aconteceu”, suplica.





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