Márcio Luiz morreu após ser encaminhado a uma unidade de saúde na TijucaAcervo pessoal
Jovem morto a tiros na Tijuca foi confundido com traficante, revela delegado
‘Era sonhador e tranquilo', lamenta irmão de Márcio Luiz da Conceição Costa, de 20 anos
Rio – A Delegacia de Homicídio da Capital (DHC) concluiu que o jovem Márcio Luiz da Conceição Costa, de 20 anos, morto a tiros no sábado (4), foi confundido com o traficante Luiz Fernando Dias dos Santos, vulgo Matuê. O caso ocorreu na Rua São Miguel, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
“Foi o pessoal ali do lado do Borel, da Chácara (do Céu), que agiu por engano e matou um inocente. A gente vai tentar identificar esse autor”, disse o delegado Augusto Lago, assistente na DHC, ao DIA.
Lago adiantou ainda que o traficante em questão, o verdadeiro alvo do atirador, é integrante do Comando Vermelho (CV) e esteve envolvido no confronto do dia 27 de setembro, que levou terror ao entorno do Hospital do Andaraí. Na ocasião, um tiro atingiu a janela do 5º andar da unidade, duas pessoas ficaram feridas por balas perdidas; e um criminoso do Terceiro Comando Puro (TCP) foi executado na Rua Leopoldo.
O sepultamento de Márcio Luiz aconteceu na tarde desta segunda-feira (6), no Cemitério do Catumbi, também na Zona Norte. Pedro Mateus, de 27 anos, lamentou a morte do irmão: “Ele não era bandido, era um jovem sonhador e tranquilo”.
De acordo com relatos recebidos por Pedro, Márcio teria sido confundido com um integrante do CV por ter tingido os cabelos com a cor que caracteriza a facção: “Deixem de relacionar cabelo vermelho em pessoas negras com tráfico”.
Ele pediu justiça pelo irmão: “Um menino que nunca prejudicou ninguém. Pelo contrário, sempre foi prestativo e carinhoso. Gostava muito das crianças, e as crianças gostavam dele. Portanto, nós, sua família, exigimos justiça! Para evitar que isso se torne mais um caso de homicídio de um negro de favela no Rio”.
Negligência
Pedro ainda fez um desabafo sobre o atendimento dispensado a Márcio no Hospital São Francisco na Providência de Deus, para onde ele foi levado com um outro ferido, que sobreviveu: “Foram negligentes com meu irmão. Ele precisava de cirurgia, mas o hospital veio dizer que não realizava cirurgia de emergência. Isso para mim foi mentira. O Márcio ficou sangrando desde que chegou até a hora de seu falecimento”
A direção da unidade informou que “prestou toda a assistência necessária aos dois pacientes”, mas Márcio já chegou em estado gravíssimo, necessitando ser ressuscitado por quatro vezes. E pela gravidade das lesões, “não houve reversão do quadro”.
O segundo paciente, ainda de acordo com o hospital, foi estabilizado, encaminhado ao Centro de Terapia Intensiva (CTI) e, em seguida, transferido para uma unidade da rede municipal. Não há informações sobre seu estado de saúde.

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