Carro da família onde estava a menina Heloísa ficou com marcas de tiroReginaldo Pimenta/Arquivo O Dia

Rio – A Justiça Federal determinou que o policial rodoviário federal Fabiano Menacho Ferreira vá a juri popular. Ele responde pela morte da menina Heloísa dos Santos Silva, 3 anos, durante abordagem em 2023, no Arco Metropolitano. A decisão, da 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, acolhe pedido do Ministério Público Federal (MPF) e inicia a segunda fase do julgamento, quando sete jurados analisam o caso - ainda não há data para a realização desta etapa.
De acordo com a ação penal ajuizada pelo procurador Eduardo Benones, no dia 7 de setembro, na altura de Seropédica, o agente usou uma arma de grosso calibre para atirar contra o carro da família da criança. Na ocasião, ela estava com a irmã, o pai, a esposa dele e uma tia. A garota foi atingida na nuca, chegou a passar nove dias internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas não resistiu aos ferimentos.
Relembre o caso
William da Silva, pai da menina, prestou depoimento e disse que, por volta das 20h, a família voltava da casa dos avós da vítima, quando passou por uma viatura da PRF na entrada de Seropédica. Ele afirmou que não houve ordem de parada, mas os agentes começaram a seguir e a ficar muito próximos de seu carro. Então, segundo o homem, os agentes atiraram quatro vezes.
Uma testemunha do ocorrido também afirmou que o motorista não tentou fugir da abordagem da viatura antes dos tiros. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ela também não menciona nenhum outro disparo antes de a criança ser atingida. "Federal acabou de acertar a filha de alguém no carro ali, 'mano'. Isso que dá Federal incapacitada: saíram atirando no carro", disse em um trecho.
O que disse a PRF
Na época, Menacho disse ao MPF que realizou a ação porque ouviu tiros vindos da direção do veículo. Em depoimento, afirmou que começou uma perseguição junto com outros dois colegas após constatar que o carro era fruto de roubo.
O agente ainda contou que, depois de 10 segundos de perseguição, a equipe escutou som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura. Ele achou que o barulho vinha do veículo de William. O policial também admitiu ter atirado três vezes com um fuzil na direção do carro, onde a criança estava.

Sobre a acusação de carro roubado, o pai da menina relatou que havia adquirido o veículo dois meses antes e que os documentos ainda estavam no nome do antigo proprietário. Em sua defesa, William salientou que o vendedor apresentou o recibo de compra e venda do veículo (CRV) durante a negociação e mostrou uma consulta da placa no sistema do Detran-RJ.