João Antônio Miranda Tello Ramos assassinou duas colegas de trabalho no CefetReprodução/Redes sociais

Rio - O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) apura as circunstâncias do laudo psiquiátrico que autorizou o retorno do servidor João Antônio Miranda Tello Ramos ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ). Na tarde de sexta-feira (28), ele assassinou a tiros a diretora pedagógica Allane de Souza Pedrotti Matos e a psicóloga Layse Costa Pinheiro. Em seguida, João tirou a própria vida.
"O funcionário teria recebido um laudo psiquiátrico, autorizando seu retorno às atividades na unidade Maracanã. Diante da gravidade dos fatos, o Cremerj informa que vai apurar as circunstâncias de emissão desse laudo psiquiátrico que, supostamente, teria autorizado o retorno do funcionário à mesma unidade", comunicou o Conselho. O órgão agora investiga qual profissional assinou o laudo e quais critérios embasaram a autorização.
A abertura de sindicância correrá em sigilo, conforme os ritos do Código de Processo Ético-Profissional. A Polícia Federal também passou a investigar o crime, registrado inicialmente na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Em um processo movido por João contra o Cefet na Justiça Federal, o servidor anexou laudos e atestados médicos, alegando que sua situação era urgente e que era necessário "evitar o comprometimento irreversível de sua saúde mental".
Na mesma época, o atirador também teve problemas no novo posto de trabalho, o que o levou a um afastamento cautelar. Entretanto, um laudo psiquiátrico atestou que ele se encontrava apto a regressar às atividades profissionais.
Tragédia anunciada, diz servidora
Uma servidora efetiva do Cefet afirmou ter avisado à direção da instituição sobre o ataque de João Antônio contra funcionários. A profissional, que pediu para não ser identificada por receio de colocar sua vida em risco, se referiu ao ataque como "uma tragédia anunciada" e disse que há outros profissionais no Cefet com comportamentos semelhantes ao de João, que podem praticar novos ataques contra funcionários.
Há cerca de quatro anos, a servidora vivenciou a primeira situação de alerta. "Eu estava sozinha na sala e ele entrou contando que o irmão dele se matou com um tiro na cabeça e que ele iria fazer o mesmo. Nesse dia, eu gelei. E o meu temor era esse. Temos pessoas com o mesmo perfil se encaminhando para fazer a mesma coisa. A escola deveria ter levado a sério as denúncias que foram feitas e passado a agir", alertou.