Ceasa de Irajá permanece sem limpeza adequada e com forte odor quase uma semana após incêndioÉrica Martin/Agência O Dia

Rio - Seis dias após o incêndio que destruiu 28 lojas no Ceasa de Irajá, na Zona Norte, lojistas que tentam retomar as atividades convivem com forte mau cheiro, alimentos podres espalhados em boxes queimados e acúmulo de dejetos que se transformam em chorume. A situação tem causado mal-estar em trabalhadores e comerciantes que circulam pelo local. Veja as fotos!

A equipe do jornal O DIA esteve no Centro de Abastecimento na tarde desta terça-feira (9) e presenciou as condições insalubres. O odor de alimentos deteriorados era intenso e vinha principalmente das áreas queimadas, onde produtos estragados seguem armazenados bem próximos dos alimentos em bom estado.
Assista ao vídeo:
A reportagem de O DIA também flagrou um pequeno foco de fumaça em um dos boxes afetados. Logo à frente, um caminhão trabalhava na remoção das estruturas metálicas que desabaram durante o incidente. Apesar da operação de retirada, comerciantes afirmam que o problema mais urgente é a limpeza dos boxes atingidos, que, segundo eles, não tem sido realizada de forma adequada pelos órgãos públicos.

Um dos lojistas, que preferiu não se identificar, disse que muitos comerciantes possuíam mais de uma loja e têm operado provisoriamente nos espaços que não foram afetados pelas chamas. "Quem tinha outra loja está tentando se virar. Mas quem não tinha opção precisou fechar e demitir funcionários", afirmpou.

Ele afirmou ainda que a previsão de recuperação do espaço em seis meses preocupa os trabalhadores, que acreditam que a reconstrução pode levar ainda mais tempo. "O local continua insalubre. Ainda há foco de fogo e fumaça, mesmo com a diminuição nos últimos dias. A gente não vê sinais de recuperação rápida", desabafou o comerciante.

Os lojistas pedem por ações mais efetivas de limpeza, fiscalização e apoio para retomarem suas atividades com segurança. Eles afirmam que a Vigilância Sanitária sequer compareceu ao local após o incidente.
Bombeiros seguem em alerta
Uma viatura do Corpo de Bombeiros continua no pavilhão 43 do Ceasa monitorando possíveis focos de fumaça sob os escombros.
O incêndio aconteceu na madrugada do último dia 3. Informações iniciais apontam que o fogo teve início em uma loja de alimentos e se estendeu para estabelecimentos que vendem plásticos, papéis, bebidas e outros materiais altamente inflamáveis. 
Dos 50 boxes da Ceasa, 28 foram atingidos. Apesar disso, o incêndio não comprometeu o fluxo de entrada e saída de produtos. O caso é investigado pela 27ª DP (Vicente de Carvalho).
O que diz a administração do Ceasa
A administração das Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa/RJ) diz que devido a gravidade do incêndio, o local permanece interditado pela Defesa Civil municipal, com restrições de segurança estruturais para a limpeza e a remoção de resíduos.

"A Ceasa/RJ também informa que o líquido observado no solo não é chorume, mas sim óleo proveniente de lojas e de caminhões atingidos pelo incêndio, e que sua remoção está sendo feita de forma contínua, conforme o trabalho de avança com segurança. A retirada é realizada diariamente com o uso de equipamentos como retroescavadeiras para acelerar o processo de limpeza pesada. Paralelamente, a brigada de incêndio da Ceasa/RJ permanece em funcionamento 24 horas, realizando o rescaldo e monitorando focos ainda ativos, o que explica a presença de fumaça e odor característico", informou a administração por meio de nota.

Ainda segundo o órgão, a segurança no entorno está reforçada com a presença de policiais do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) e de vigilantes da segurança privada.
Questionado pela reportagem sobre ações efetivas no Ceasa de Irajá, o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio) alega que não recebeu chamados via Central de Atendimento 1746 em relação às denúncias mencionadas. Leia a nota na íntegra abaixo
A Comlurb também foi questionada sobre a realização de uma possível operação de limpeza no local, mas não retornou o contato.
Nota da Ivisa-Rio
"O Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (Ivisa-Rio) desenvolve ações fiscalizadoras na central de abastecimento Ceasa-RJ a partir de chamados via Central de Atendimento 1746, ou em casos de solicitação de licenciamento sanitário na modalidade Registro de Estabelecimento de Produção Agropecuária (Repa), cuja concessão tem como pré-requisito a inspeção do estabelecimento.

O Ivisa-Rio não recebeu chamados via Central de Atendimento 1746 em relação às denúncias mencionadas. Vale ressaltar que a Ceasa é gerenciada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, que, por sua vez, inspeciona estabelecimentos de sua competência."
*Colaborou Érica Martin