Rio - Um incêndio de grandes proporções atingiu cerca de 28 lojas do pavilhão 43 na Ceasa, em Irajá, na Zona Norte, na madrugada desta quarta-feira (3). De acordo com o Corpo de Bombeiros, 110 militares, de 14 quartéis, e 31 viaturas atuam no local. Devido a propagação, quatro bombeiros precisaram ser encaminhados ao hospital por exaustão, mas já foram liberados.
Durante a manhã, o prefeito Eduardo Paes esteve no local e reforçou que não há riscos de desabastecimento na cidade. Além disso, os comerciantes atingidos estarão isentos do IPTU.
"Isso mostra um pouco o risco dessa época do final do ano, o pessoal estoca muito material, muito produto e isso acaba gerando uns riscos maiores de incêndio. Mas não vai ter risco nenhum de desabastecimento, o prejuízo poderia ser muito maior, mas os galpões afetados, a maioria deles são de grandes distribuidoras que tem outras bases aqui na Ceasa, e alguns menores, a prefeitura vai estar à disposição", disse.
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Segundo o coronel da corporação, Luciano Sarmento, a metade do pavilhão acabou atingida e alguns boxes chegaram a ficar completamente destruídos. Apesar disso, não há registro de outras vítimas até o momento.
"Nós temos viaturas e equipamentos de última geração, bombeiros especialistas, altamente treinados, e também utilizamos drones com câmeras térmicas, que possibilitaram uma estratégia de cercamento desse foco. Graças à boa estratégia e treinamento dos bombeiros, nós evitamos uma catástrofe, evitamos que todo o pavilhão fosse tomado pelas chamas. Com isso, apenas 28 boxes foram destruídos, alguns estão em condições de utilização, mas outros estão bastante destruídos, inclusive, com uma estrutura aparentemente comprometida, nós vemos rachaduras fortes", disse o coronel.
Informações iniciais apontam que o fogo teve início em uma loja de alimentos e se estendeu para outros estabelecimentos que comercializam plásticos, papéis, bebidas e outros materiais altamente inflamáveis.
"A Ceasa tem uma característica muito popular, o material que aqui é comercializado. Nós temos alguns materiais derivados do petróleo, materiais de rápida combustão. Agora estamos com o drone mostrando toda a área através da nossa câmera térmica. E a partir daí, vamos traçar a estratégia de combate. Já fizemos o acesso a todos os boxes, ou seja, nós já conseguimos visualizar o centro, e já estamos dentro deles, realizando combate, naqueles que temos segurança", acrescentou Sarmento.
O trabalho da corporação deve seguir ao longo do dia. De acordo com o Centro de Operações, agentes da Águas do Rio, CET-Rio, Comlurb e Guarda Municipal também foram acionados. O trânsito em vias do entorno não apresenta retenções.
Nesta terça (2), o centro de distribuição havia informado que a unidade passaria a funcionar em horário especial a partir da próxima segunda-feira (8) devido as festas de fim de ano. As lojas iriam abrir às 3h até o dia 2 de janeiro.
O mês de dezembro, tradicionalmente, é de grande procura e movimentação na Ceasa, que é a segunda maior central de abastecimento da América Latina. Com o incêndio, lojistas e funcionários ficaram desolados com o estrago e a perda de mercadorias.
"Eu recebi a notícia ainda em casa, quando eu estava me preparando para vir trabalhar. E quando eu cheguei aqui, que eu vi a situação que estava, eu me emocionei, chorei bastante já, porque a gente pensa nos funcionários, nos familiares. No prejuízo também das mercadorias que estavam dentro da loja, documentação de funcionário, tudo. A gente fica bem abalado. Eu acho que a gente perdeu tudo!", disse a comerciante Jenia Martins.
No local, alguns comerciantes citaram que o Ceasa não possui alvará. Procurado, o Corpo de Bombeiros informou que o Ceasa está em processo de regularização. "Há um Termo de Ajustamento de Conduta celebrado entre as partes, com vigência até 31 de dezembro de 2026, prazo no qual todas as exigências de segurança contra incêndio e pânico deverão estar integralmente atendidas", explicou a corporação.
A Ceasa em Irajá recebe, diariamente, quase 60 mil pessoas e 40 mil veículos que redistribuem todo o material comercializado para a capital e municípios vizinhos como São João de Meriti, Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, entre outros.
Principal ponto de comercialização de hortifrutigranjeiros no território fluminense, a instituição foi criada em 20 de maio de 1970 e inaugurada em março de 1974.
O bairro de Irajá, na Zona Norte, abriga a sede da empresa, que hoje conta com outros cinco mercados situados em São Gonçalo, na Região Metropolitana; Nova Friburgo, na Região Serrana; Paty do Alferes, no Vale do Paraíba; São José de Ubá e Itaocara, no Norte e Noroeste do estado, respectivamente.
Funcionamento
Devido ao incêndio, os pavilhões 43 e 44 permanecem totalmente interditados, enquanto parte do Pavilhão 42 também está isolada para garantir a segurança de todos.
As demais áreas seguem operando normalmente. Também atuam no local, neste momento, 15 policiais militares do Programa de Integração na Segurança (Proeis), 30 seguranças da vigilância privada da Ceasa e caminhões-pipa da Águas do Rio.
Após a conclusão da perícia que apura as causas do incêndio, a instituição dará início às tratativas com o governo do estado para definir a melhor forma de apoiar os lojistas que tiveram suas unidades atingidas pelo fogo.
"Desde as primeiras horas, nossas equipes estão mobilizadas para conter as chamas e evitar que o incêndio cause ainda mais danos. O Corpo de Bombeiros tem atuado de forma incansável e técnica, utilizando todos os recursos necessários para preservar vidas e minimizar prejuízos. O Estado está presente e atento, trabalhando para garantir a segurança de todos", afirmou o governador Cláudio Castro.
O caso será investigado pela 27ªDP (Vicente de Carvalho).
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