Na próxima terça-feira, dia 26, será o Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, e a campanha Março Lilás reforça a necessidade do exame de diagnóstico periódico por mulheres sexualmente ativas. De acordo com a ginecologista Juliana Pierobon, este tipo de tumor maligno é o terceiro de maior incidência na população feminina brasileira. Segundo dados do Inca, o câncer de colo do útero é a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
A principal forma de prevenir esse tipo de câncer é através do exame preventivo papanicolau, que permite a coleta de células do colo do útero e que mostram se há alguma infecção ou variação nesses tecidos. O exame é simples, dura poucos minutos e pode ser feito no consultório.
O papnicolau é recomendado anualmente para todas as mulheres com idade entre 25 e 64 anos, mesmo para aquelas que não apresentam sintomas. As mulheres que já tenham iniciado sua vida sexual, mesmo que mais cedo do que a faixa etária indicada, deve procurar um ginecologista e fazer o exame. Quando a mulher possui fatores de risco para a doença, pode ser solicitado uma frequência menor entre um exame e outro.
Além dos exames, a mulher também pode se prevenir recebendo a vacina contra o vírus HPV: "serve para quem ainda não teve relações sexuais. A vacina está disponível no calendário vacinal da rede pública para meninas entre 9 e 14 anos; e para meninos de 11 a 13 anos. Além disso, meninas e jovens que têm o vírus HIV (Aids), com idades entre 9 e 26 anos, também podem tomar a vacina gratuitamente. Ela protege contra 70% dos principais tipos de HPV relacionados com o câncer de colo uterino”, ressalta Juliana.
“O maior fator de risco para o surgimento do câncer de colo do útero é a infecção pelo vírus HPV (papilomavirus humano), que provoca uma lesão no colo do útero. Se essa lesão não for diagnosticada e tratada adequadamente, pode levar ao desenvolvimento do câncer. O vírus é transmitido durante a relação sexual. Por isso, é importante fazer o exame (papanicolau) anualmente”, alerta a ginecologista.
O uso de preservativos também deve ser uma medida preventiva contra esse tipo de vírus, prevenindo também outras doenças sexualmente transmissíveis.
A evolução da doença, na maioria das vezes, acontece de forma lenta, passando por fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Se diagnosticado precocemente, as chances de cura chegam próximo a 100%.
Em um ano, mais 16 mil casos
De acordo com estimativas do Inca, o país deve registrar cerca de 16 mil novos casos de câncer de colo do útero, somente neste ano. Esta incidência é três vezes mais alta do que as registradas nos Estados Unidos e na Austrália.
“Cerca de 90% dos casos de câncer de colo do útero podem ser atribuídos a alguns dos 13 tipos de HPV reconhecidos como oncogênicos. Os subtipos 16 e 18 são os mais comumente detectados e responsáveis por 70% dos casos de câncer”, informa o Ulysses Ribeiro Jr, responsável pela Cirurgia Oncológica do HCor (Hospital do Coração).
Outros fatores também contribuem para o desenvolvimento do câncer de colo do útero, como a quantidade de filhos, o uso de contraceptivos orais por muito tempo e até mesmo o tabagismo. “Vale ressaltar que, se diagnosticado em seus estágios iniciais e tratado oportunamente, o câncer de colo do útero tem grande possibilidade de cura. No mundo, a sobrevida em cinco anos está entre 50% e 70%”, comenta a médica.
Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, excetuando-se os casos de pele não melanoma. Ele é responsável por 265 mil óbitos por ano, conforme dados do Inca.