Terapia Comunitária Integrativa é uma metodologia de cuidado em saúde mental em grupo, nas modalidades presencial e onlineDivulgação/Secom PMVR
Terapia Comunitária Integrativa já alcançou mais de duas mil pessoas em Volta Redonda
Iniciativa implantada em 2021 promoveu 463 rodas terapêuticas no ano passado, em sessões realizadas pela internet
Volta Redonda - Além das atividades do Janeiro Branco, que tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as necessidades relacionadas à saúde mental das pessoas, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Volta Redonda oferece uma série de iniciativas durante todo o ano, e uma delas é a Terapia Comunitária Integrativa (TCI), metodologia de cuidado em saúde mental realizada em grupo, sem limite máximo de pessoas, e que geralmente é conduzida por três terapeutas especialistas, nas modalidades presencial e online.
O programa, implementado em abril de 2021 com o intuito de oferecer, de forma gratuita, uma rede de amparo emocional a qualquer pessoa – em especial, inicialmente, a quem perdeu algum amigo ou familiar para a Covid-19 –, já tem mais de dois mil inscritos. De acordo com levantamento feito pela equipe responsável pela TCI, foram realizadas, no total, 1.080 rodas de terapia – sendo 463 apenas em 2023 –, com um total de 2.129 participantes desde seu início.
“Sem dúvida os anos do pós-pandemia foram os mais desafiadores. Lidar com as sequelas da Covid, com as separações familiares, com novas adaptações ao mundo digital. O sofrimento faz parte da vida das pessoas, aprender a lidar com ele não é fácil. A TCI busca ser esse espaço de partilha e acolhimento, para que possamos dividir esses momentos e enfrentarmos juntos essas dificuldades”, explica a médica de família da SMS, Silvia Mello dos Santos, que também é uma das responsáveis pela implementação do projeto em Volta Redonda.
Como participar e como funciona
Os interessados em participar da Terapia Comunitária Integrativa podem se inscrever por meio do site da prefeitura (voltaredonda.rj.gov.br), clicando no banner “Terapia Integrativa Online” e preenchendo o formulário disponibilizado no link. Para participar das sessões virtuais, é preciso inscrever um e-mail válido e instalar o aplicativo gratuito Zoom (disponível em zoom.us/pt).
A TCI é composta por seis fases: Acolhimento, em que o terapeuta introduz o conceito de TCI, fala das regras que regem a iniciativa e comemoram-se as coisas boas da última semana, seguido por dinâmica de grupo; em seguida vem a Escolha de Inquietação, em que as pessoas são convidadas a colocar seus problemas e é escolhido o tema que será trabalhado; depois, na Contextualização, a pessoa que teve o tema mais votado fala sobre suas angústias e pode responder a perguntas dos outros participantes.
A quarta fase é a da Problematização, em que a pessoa que colocou a inquietação ouve os demais participantes e o terapeuta pergunta a todos se alguém já passou por situação parecida e o que fez para resolver; depois, no Encerramento, o terapeuta convida todos a um abraço coletivo (nas sessões presenciais) e a resumirem em uma palavra o que estão levando daquela sessão; a sexta e última fase é a de Apreciação, restrita aos terapeutas, em que eles avaliam o que podem melhorar para a próxima reunião.
As sessões online da TCI acontecem às segundas e sextas-feiras, às 10h e às 14h; já nas terças e quintas-feiras são três sessões, às 10h, às 14h e às 17h30. Quanto aos encontros presenciais, a programação é divulgada mensalmente e os interessados podem se informar a respeito dos dias, horários e locais nas 46 Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs) de Volta Redonda.
“A pessoa pode frequentar quantas sessões achar necessário, compartilhar suas experiências de vida e superação, além de ouvir de outras pessoas seus próprios mecanismos de resiliência. A roda segue sendo um espaço aberto e democrático em todos os meses do ano”, pontua Silvia, acrescentando que a TCI é acompanhada, atualmente, pela curadoria da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
“É um projeto inovador que trouxe benefícios para toda a população. Iniciado em 2021 com o boom da pandemia de Covid-19, hoje é uma prática regulamentada e oficial da nossa cidade. É a primeira do Sistema Único de Saúde (SUS), gratuita e aberta a toda a população; e não apenas à população do município, mas também à população brasileira no caso das sessões virtuais. Qualquer pessoa que tenha o Cartão do SUS pode entrar no Portal VR, se inscrever e participar das rodas terapêuticas”, acrescentou Silvia.
Melhora na qualidade de vida
Dentre os participantes, Juliana Amorim de Araújo frequenta as rodas de terapia desde o final do ano passado. Ela conta que foi diagnosticada com síndrome do pânico, ansiedade e depressão há 17 anos, tendo iniciando o tratamento e acompanhamento com psiquiatra e feito uso de diversas medicações. Segundo Juliana, ela estava ainda mais dependente dos medicamentos nos últimos dois anos, com crises praticamente toda semana que a obrigavam a ir para o hospital.
“Fui apresentada três meses atrás à roda de terapia; consegui ser ouvida, entender a minha existência, a prioridade de cuidar de mim, do meu corpo, da minha mente, e através disso consegui diminuir as minhas crises”, relata.
“Comecei a não ir pra emergência, a não ter mais as crises de ansiedade, a diminuir os remédios. As minhas crises de enxaqueca acabaram totalmente, e as crises de pânico também desapareceram”, conta a participante.
Atualmente, Juliana diz não estar fazendo uso de medicação. “Hoje estou curada, consegui até emagrecer. O projeto é maravilhoso, ele traz para nós o sentido da vida, o empoderamento, o reconhecimento de quem nós somos de verdade e o quanto nós podemos fazer, e aprendemos a nos amar”.
CoordJuv promove atividades sobre saúde mental nas unidades do Degase
A Coordenadoria Municipal da Juventude (CoordJuv) também realiza atividades em alusão ao Janeiro Branco – neste caso, nas unidades do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas): Centro de Socioeducação (Cense) Irmã Assunción de La Gándara Ustará, no bairro Roma I, e Criaad (Centro de Recursos Integrados a Atendimento a Adolescentes), na Vila Mury. O trabalho acontece até a próxima quarta-feira (31) e trata da garantia de direitos com vistas à promoção da saúde mental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o conceito de saúde mental como “um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade”.
“Dessa forma, as atividades nas unidades do Degase têm como objetivo a promoção da saúde, criando espaços onde os jovens possam refletir sobre diversas temáticas que os impactam, avaliar suas emoções e sentimentos, bem como estimular a livre criação a partir das discussões realizadas”, disse a coordenadora da Juventude de Volta Redonda, Larissa Garcez.
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