Por bferreira

Rio - Cada filhote de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) que nasce representa nova esperança de que um dia a espécie volte a colorir os céus da região de caatinga da Bahia. A organização Al Wabra Wildlife Preservation, que fica no Catar, país do Oriente Médio, conseguiu mais uma vitória: outros três pássaros nasceram este mês. Já são sete nesta temporada reprodutiva. Pode parecer pouco, mas não é, de jeito nenhum.

Filhotes da espécie nasceram em fazenda no Oriente MédioDivulgação

Extinta na natureza desde o ano 2000, a espécie só conta com pouco mais de 80 exemplares atualmente, em institutos de pesquisa que buscam multiplicá-las para, algum dia, soltá-las novamente no sertão baiano, seu habitat natural. O pássaro, porém, tem muita dificuldade de se reproduzir em cativeiro. Tanta que a Al Wabra recorreu, com sucesso e pela primeira vez no mundo, à inseminação artificial. Como O DIA mostrou em junho, dois filhotes nasceram através da técnica. O trabalho é parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente do Brasil.

Fundada pelo xeque Saoud Bin Mohamed Bin Ali Al-Thani, nobre do Catar apaixonado pela vida selvagem, a Al Wabra abraça a causa das ararinhas azuis desde o ano 2000. A organização tem uma fazenda de de 2,5 km², com mais de 2,5 mil animais de cerca de 100 diferentes espécies. São aves, mamíferos e répteis, todos com algum grau de ameaça à sobrevivência.

O local não é aberto ao público, e dedica-se à recuperação dos bichos, através do trabalho de veterinários, biólogos e tratadores. Lá os animais têm vida de rei: a alimentação é de qualidade superior, há berçário com cuidados especiais para pequenos órfãos, e até ar-condicionado para os mais calorentos e chuva artificial. A Al Wabra adquiriu também terras no Brasil. A fazenda Concórdia, em Curará, Bahia, é justamente o local onde foi encontrado o ninho da última ararinha azul, em 2000. Com 2.380 hectares, deverá ser o destino final das aves do Catar.

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