Por paulo.gomes
Rio - De nada adianta ser bem qualificado e possuir conhecimentos se o candidato a uma vaga efetiva num trabalho temporário não sabe agir coletivamente, seguir as orientações de seus superiores ou as regras da organização. Para especialistas em Recursos Humanos, essas questões pesam na hora da contratação de funcionários que foram contratados para o período de Natal no Comércio e na Indústria.
Vendedora temporária%2C Renata Cristina Vitor já sabe o que fazer para se efetivar. “Postura%2C manter boa aparência e ter paciência”%2C diz.Divulgação

De acordo com Henrique Veloso, professor da PUC-MG, todo processo competitivo é resulta naturalmente em conflitos, mas também é potencialmente saudável para ambientes de trabalho.

“A competitividade, quando acontece dentro de limites de respeito, principalmente às individualidades e às relações coletivas, torna-se uma ferramenta importante para o crescimento de uma organização”, comenta.

Co-autor do livro ‘Estresse Ocupacional’, da editora Elsevier, Veloso relata que as organizações demandam e valorizam, cada vez mais, quem sabe trabalhar coletivamente sem deixar de ser competitivo. “Em alguns casos, ao auxiliar um colega o candidato favorecer sua efetivação no emprego”, orienta o especialista.
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Espírito de equipe
Professora do curso de Tecnologia em Recursos Humanos da Universidade Anhanguera (SP), Daniele Rangel reforça a tese da coletividade afirmando que um dos grandes erros do candidato é não ter espírito de equipe.
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“Aquele funcionário que não colabora com os colegas fazendo acontecer os melhores resultados no dia a dia do estabelecimento está diminuindo, sem dúvida, a sua chance de efetivação”, frisa a professora.
Integridade
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A especialista em RH lembra que outro aspecto importante é que os temporários devem interagir sempre com os funcionários mais antigos. “Não sejam tímidos, não queiram passar a ‘perna’ no colega. Na hora da efetivação quem faz a diferença é o candidato com espírito de grupo, ágil, e participativo”, avalia.
Estudo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) mostra que nos últimos três anos uma média de 15% dos postos temporários terminaram em trabalho fixo. Ano passado foram 23,5 mil efetivados de um total de 157 mil.
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Dados da Asserttem revelam ainda que caso se mantenha a média de 5% de crescimento de vagas nos últimos cinco anos, a quantidade de empregos para o período natalino deste ano pode pode passar 164 mil. Os efetivados subiriam para 24,6 mil.
Evite passar a ‘perna’ no concorrente para obter vantagens
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Em função da competição, é grande o número de candidatos que, para ganhar a vaga, acabam usando táticas que prejudicam o concorrente. Atitude condenada pelo diretor da Gouvêa de Souza Treinamento e Desenvolvimento, Artur Motta.
“Essas práticas não são bem vistas no mundo organizacional. O empregador busca funcionários éticos, justos e que conquistem a posição por sua competência, perfil e atitude”, diz Motta. “Estratégias que visando prejudicar os outros são negativas e tem curto prazo de validade”, acrescenta.
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Diogo Hudson, consultor de carreiras da empresa Statux, também não aprova alcançar resultados em detrimento do colega de trabalho. Ele diz que as pessoas estão sempre presas ao imediatismo.
“Os funcionários pensam que para alcançar resultados a curto prazo têm que passar por cima dos outros. A vida dá muitas voltas e quando menos se espera podemos precisar de quem desprezamos”, observa.
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“Na área de vendas, por exemplo, não existe respeito à ordem de atendimento, querendo passar por cima da comissão do outro”, conclui Hudson.
Palavra de ordem é ter comprometimento
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Professor da PUC-MG, Henrique Veloso conta que, em geral, nem todos que participam de processos seletivos ou de contratação temporária querem assumir toda e qualquer tarefa. “Coloque-se mais disponível para assumir trabalhos e atividades que nem todos querem pegar”, ensina.
Veloso diz que a competitividade é necessária, mas faz uma ressalva. “Desde que seja de forma construtiva e respeitando as individualidades e as relações coletivas”, alerta.
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Renata Cristina Vitor, de 36 anos, está pela quarta vezes trabalhando como vendedora temporária neste período de Natal. Desta vez ela está na loja de roupas Karamello do Bangu Shopping. Lembra que por duas vezes chegou a ser efetivada nos empregos.
“Na primeira vez fiquei três anos. Na segunda acabei contratada e depois de um ano precisei sair para estudar”, revela Renata, que está no quarto período da Faculdade de Serviço Social. “Ter postura, manter boa aparência e ter paciência com os clientes são fundamentais para quem quer se efetivar”, dá a dica a vendedora.
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Já o gerente da loja K&K shopping Boulevard São Gonçalo Rodrigo de França, 23, foi efetivado após período de Natal como vendedor e foi promovido ao cargo de gerência. Ele trabalhou como temporário por duas vezes, conseguindo nos dois momentos a efetivação. “A palavra de ordem é comprometimento. Já vi funcionário efetivo ser demitido e o temporário dedicado ser contratado”, lembra o gerente.