Por bferreira

Rio - Ainda não vai ser desta vez que o mico-leão-dourado, a onça-pintada, o bicho-preguiça e a capivara vão poder fazer uma festa na floresta. Deve ser encarada com reservas a notícia, que parecia muito boa, de uma queda de 72% no índice de destruição da Mata Atlântica no Estado do Rio, de 2012 a 2013, em relação ao período anterior. O número é um dos que integram o Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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A diretora-executiva da Fundação e coordenadora do Atlas, Marcia Hirota, explica que nos estados de São Paulo e Rio, que apresentaram baixos índices de desmatamento, a preocupação é com o “efeito formiga“. “Não há mais desmatamentos de grandes proporções, mas eles ainda acontecem para expansão de moradias e infraestrutura. Só não aparecem no nosso levantamento porque são áreas menores de três hectares”, diz. A pesquisa é feita através de imagens de satélites do Inpe.

Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação, é imprescindível que as cidades façam seus Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata. “Quando o município faz o mapeamento de áreas verdes e indica como serão administradas – por exemplo, se vão virar um parque ou uma área de proteção ambiental – fica muito mais fácil conduzir processos como o de licenciamento de empreendimentos. Além disso, é uma legislação que coloca o município muito mais próximo do cidadão, porque também estamos falando em qualidade de vida”, destaca.

O estudo aponta total de desmatamento de área equivalente a 24 mil campos de futebol (23.948 hectares) de remanescentes florestais nos 17 estados da Mata Atlântica, no período de 2012-2013. Isto representa aumento de 9% em relação a 2011-2012, que teve 21.977 hectares destruídos.

Nos últimos 28 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.850.896 hectares, o equivalente à área de 12 cidades de São Paulo. Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares.

Centro de estudos

No litoral do Paraná está a o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do Brasil. Por isso, foi criado em Curitiba o Centro Integrado para a Conservação da Mata Atlântica – In Bio Veritas, em 2007. “A ideia surgiu do contato com outros pesquisadores, pois percebemos a lacuna de conhecimento sobre a Mata Atlântica e a necessidade de articular melhor as competências de cada um”, explica o pesquisador Ricardo Britez. “Está sendo resgatado tudo o que já foi estudado e se os materiais foram aplicados ou não”, comenta. A ideia é, uma vez pronto, disponibilizar o banco de dados online. Já foram catalogados cerca de 1.100 projetos.

Fazem parte do Centro representantes da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, da Universidade Federal do Paraná, do Museu de História Natural Karlsruhe (Alemanha) e da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que financia o projeto.

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