Especialistas explicam que reduzir a emissão de poluentes nestes setores é fundamental para o país conseguir atingir compromissos internacionais
Por thiago.antunes
Rio - O Brasil terá que prestar atenção nos setores de energia e agropecuária para reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa, afirmam especialistas. Os dois são responsáveis pelo crescimento da quantidade destes poluentes no ar e, para que haja mudança significativa, deverão ser priorizados, segundo o compromisso do país diante da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-20), que ocorreu mês passado em Lima, capital do Peru.
“A redução do desmatamento foi muito significativa nos últimos dez anos. O problema deixa de ser este e passa a ser agricultura e energia. O Brasil terá que pensar nisso”, afirmou à Agência Brasil o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e diretor da Coppe-UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa.
Situação piorou
No ano passado, o Brasil emitiu cerca de 1,5 milhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente, o que representa aumento de 7,8% em relação a 2012 e o maior valor registrado desde 2008. O setor de mudança de uso do solo corresponde a 35% do total das emissões. O setor de energia responde por 30%, seguido pelo agropecuário (27%), o industrial (6%) e o de resíduos (3%). Os números são do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG), iniciativa do Observatório do Clima.
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O SEEG aponta o incremento no uso de energia termoelétrica de fontes fósseis e do consumo de gasolina e diesel como alguns dos principais responsáveis pela reversão da tendência da última década. Para o coordenador de mudanças climáticas e energia da organização não governamental WWF-Brasil, André Nahur, a questão é preocupante por serem estas formas de geração de energia algumas das principais plataformas de desenvolvimento adotadas pelo país. “Para que mudanças sejam implementadas é preciso vontade política de explorar energia eólica, solar. O que tem é um entrave político de resoluções que criam dificuldade para que esse tipo de energia consiga crescer bastante”, disse à Agência Brasil.
Longo caminho a percorrer
A COP-20 aprovou o rascunho de acordo para reduzir a poluição, base para pacto global esperado para o ano que vem, em Paris. Delegados de 195 países trabalharam no projeto e vão anunciar nos próximos meses seus compromissos para diminuir as emissões entre 40% e 70% até 2050, com a necessidade de limitar o aumento da temperatura global a 2 graus.
Para especialistas como Pinguelli e Nahur, o documento aprovado é um avanço, mas com lacunas. Os planos de redução serão diferenciados, já que os países desenvolvidos têm responsabilidade histórica pela poluição. No entanto, a questão do financiamento dos países mais ricos para ajudar os países em desenvolvimento deixou a desejar. No relatório final, consta que o montante a ser destinado é facultativo.
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“Um dos princípios da convenção é que os países desenvolvidos têm responsabilidade histórica e, portanto, devem ajudar financeiramente os países em desenvolvimento a reduzir as emissões e se adaptarem às mudanças climáticas. É um tema importante que acabou não sendo contemplado plenamente no documento final”, explica André Nahur, da WWF.