Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Depois do longo período de estiagem em 2014, tempestades de raios se intensificaram e vêm castigando os estados do Sul e Sudeste, deixando um rastro de destruição e morte. Em pouco mais de uma semana, seis pessoas foram mortas por descargas elétricas em São Paulo. Na Praia Grande, litoral paulista, um só raio vitimou quatro pessoas, no maior acidente desta natureza da história do Brasil desde a década de 1930.

O acúmulo de casos pode se explicar por uma teoria levantada por pesquisadores da Universidade de Berkeley, Estados Unidos. Em artigo publicado na revista científica ‘Science’ no ano passado, os estudiosos afirmam que as mudanças climáticas podem aumentar em até 50% a incidência de raios no planeta.

Ficar em um campo aberto de futebol durante tempestades com raios é correr grave risco de ser atingido Márcio Mercante / Agência O Dia

Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat-Inpe), Osmar Pinto Júnior, o fenômeno já vem sendo percebido nas grandes cidades brasileiras. “Os efeitos do aquecimento no Brasil ainda são pequenos, mas quando eles se somam à urbanização têm causado o aumento dos raios nas metrópoles”, afirma ele.

Além do crescimento nos últimos 15 anos, a localização geográfica do país já nos deixa mais expostos às descargas elétricas e faz do Brasil o líder mundial em queda de raios, com 57,8 milhões de ocorrências por ano. “O que explica esse número é o fato de sermos o maior país da zona tropical do mundo — de elevadas temperaturas e pluviosidade — o que aumenta a incidência de raios nas tempestades”, aponta o especialista.

O perigo que vem do céu no verão reacende o alerta quanto aos cuidados a tomar durante os temporais (veja no quadro abaixo). Apesar disso, o coordenador do Elat não considera fora da normalidade o número de acidentes registrados. “O verão de 2014 foi de poucas chuvas e raios enquanto 2015 retornamos à média histórica. Os valores baixos do ano passado e o grande acidente de Praia Grande são a causa de se achar que há mais raios”, comenta.

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Segundo levantamento do Inpe, 130 pessoas morrem vítimas de raios por ano no Brasil, o que corresponde a um em cada 50 óbitos no mundo. As mortes ocorrem, em sua esmagadora maioria, por desconhecimento dos riscos de tempestades com relâmpagos. Do total de vítimas, 89% são do sexo masculino.
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OS CUIDADOS A TOMAR NA HORA DOS TEMPORAIS
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De acordo com o Inpe, 80% dos casos de morte por raios no Brasil poderiam ser evitados caso a população tivesse conhecimento de como se proteger. Em Praia Grande, as quatro pessoas da mesma família morreram, atingidas por uma descarga no dia 29 de dezembro, depois de se abrigar em um guarda-sol, o que não é indicado. Na semana passada, dois homens morreram em área rural de São Paulo ao ficar debaixo de uma árvore, o que também é condenado. Conheça as principais recomendações:
PRAIAS — Se estiver na praia ou na piscina, saia imediatamente e procure um lugar seguro. Jamais fique em abrigo sob árvores, principalmente se elas estiverem isoladas ou em campo aberto. Proteja-se dentro de casas, automóveis, ou edificações que tenham para-raios.
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DESCAMPADO — Não fique em campos abertos, pastos, campos de futebol, lagos, descampados. Evite ficar perto de cercas de arame, grades, tubos metálicos, linhas telefônicas e de energia elétrica, bem como de estruturas metálicas. Fuja do topo de morros e locais altos.
EM CASA — Se a residência não conta com um bom sistema de para-raios, evite ficar próximo de janelas metálicas, geladeiras e televisores. Deixe para tomar banho após a tempestade. Desligue da tomada os aparelhos eletrônicos como televisão, som e computador.
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TELEFONE — Evite usar o telefone convencional e o celular. Eles conduzem eletricidade. Há casos de pessoas atingidas por raios enquanto utilizavam o aparelho celular na rua.
MOTOS — Não utilizar motocicletas ou bicicletas durante uma forte chuva.
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CARTILHA — O Inpe lançou cartilha - disponível no www.inpe.br/webelat/docs/Cartilha_Protecao_Portal.pdf 
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