Por felipe.martins

Rio - A crise hídrica está grave e cientistas alertam que pode piorar. Segundo Malin Falkenmark, conselheiro científico do Stockholm International Water Institute (SIWI), metade da população mundial enfrentará falta d’água crônica se os atuais hábitos de alimentação continuarem como estão. A saída seria um consumo sustentável, que aposte em dietas compostas prioritariamente por proteínas de origem vegetal e não animal, como atualmente.

“Não teremos água suficiente à disposição para abastecer as demandas de produção de alimentos para a população esperada em 2050, se seguirmos as tendências atuais de dietas em nações ocidentais”, diz ele, acrescentando que 20% das calorias produzidas vêm de proteínas de origem animal. “Haverá água suficiente se a proporção de alimentos com base em origem animal for limitada a 5%”.

Quanto os alimentos valem em águaArte%3A O Dia Online

No estudo ‘Food Security: Overcoming Water Scarcity Realities’, o pesquisador explica que as carnes demandam quantidade “exorbitante” de água para sua produção. Ele defende que dietas ricas em proteínas de origem vegetal são o melhor caminho para garantir e manter os níveis de água potável no planeta. Um exemplo é o vegetarianismo estrito, praticado pelos veganos. A dieta vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água que a de proteína animal, que demanda um terço das terras aráveis do mundo para o cultivo de colheitas para alimentar os animais, segundo a Anda (Agência de Notícias de Direitos Animais).

Segundo a plataforma ‘Water FootPrint’, a quantidade de água usada em todas as etapas da produção (pegada hídrica) de carne de bovinos de corte é de 15.400 litros para cada quilo. Os frangos demandam 4.300 litros por quilo. Para a ONU, será necessário aumentar a produção de alimentos em 70% nos próximos 40 anos para atender à demanda na Terra. Mas, segundo a Anda, atualmente não há água para atingir a meta, pois ela é utilizada, ainda, para atender a demanda global por energia, que deverá crescer 60% em três décadas.

Veganismo, prós e contras

No veganismo, defendido como uma saída sustentável para a crise hídrica do planeta, não há consumo de carne ou qualquer derivado animal, como leite, ovos e mel. A médica nutróloga Alice Amaral afirma que esta dieta traz mais benefícios do que malefícios à saúde humana, e pode prevenir doenças graves, como câncer de intestino, diabetes, hipertensão arterial, obesidade e problemas na vesícula.

É preciso, porém, procurar especialistas que deem orientações, antes de adotar a dieta, para não excluir nutrientes importantes. Alice explica que, para os veganos, a proteína pode vir de alimentos como castanha, feijão e grão de bico. Já o ferro pode ser obtido com vegetais verde-escuros e frutas secas, como damasco. “É preciso fazer as trocas certas para não deixar nada de fora”.

Mas um contratempo no veganismo: a carência de vitamina B12, encontrada somente na carne vermelha. “A solução é recorrer a suplementos vitamínicos”, diz ela.

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