Por felipe.martins

Rio - A costa brasileira é estratégica para o país, não só devido a atividades econômicas ligadas ao turismo e à pesca, como também por seu potencial energético e biotecnológico. Mas apenas 2% destes mares e sua biodiversidade estão protegidos. Preocupado, o WWF-Brasil lançou o Programa Marinho, que vai atuar em três frentes: pesca, turismo e poluição.

No Rio, será desenvolvido projeto piloto de coleta de plásticos flutuantes na Baía da Guabanara, local que sediará provas da Olimpíada ano que vem. “Esse projeto aborda o recolhimento de resíduos plásticos e a sua transformação em produtos de consumo funcional e comercializável, projetados por designers”, explica Anna Carolina Lobo, coordenadora do programa.

As Ilhas Cagarras%2C no Rio%2C também vão ser cenário de ações do programa%2C com monitoramento da qualidade das águas Agência O Dia

A ideia, diz Anna, é reduzir o lixo plástico despejado, chamando a atenção da sociedade para soluções e, ao mesmo tempo, beneficiar comunidades, “tanto em relação às condições de saúde quanto por meio de ganhos econômicos”. Ainda no Estado do Rio, outras ações serão desenvolvidas, com destaque para o Monumento Natural das Ilhas Cagarras. “A ideia é apoiar o ordenamento do uso público, e fazer monitoramento da qualidade da água e do impacto de mudanças climáticas nos costões rochosos”, conta Anna.

O Programa também vai valorizar a pesca sustentável desenvolvida por comunidades tradicionais. Por isso, o WWF iniciou parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrael). “A ideia é envolver chefs na preparação de pratos que valorizem a pesca sustentável, influenciando assim a opinião pública sobre a importância do consumo consciente, e envolvendo também donos de bares e restaurantes”, afirma a coordenadora. No caso do turismo, o WWF também pretende estabelecer parcerias “para trabalhar a qualidade dos destinos costeiros e para o engajamento da sociedade”.

Anna Carolina ressalta que 54,7% de todo o oxigênio da Terra é produzido nos oceanos, por algas marinhas. “Nossa atuação nos mares brasileiros visa chamar a atenção da sociedade para a importância da saúde dos oceanos para nossas vidas e como podemos nos mobilizar para protegê-los”, explica ela, esclarecendo que é engano priorizar apenas a conservação de florestas em detrimento dos mares.
Os embaixadores do Programa Marinho do WWF são os surfistas Filipe Toledo e Maya Gabeira.

Águas valem trilhões de dólares

O surgimento do Programa Marinho no Brasil acompanha diretriz da Rede WWF que definiu os oceanos como tema prioritário para este ano. Por isso, a organização lançou recentemente o relatório ‘Revitalizar a Economia dos Oceanos – Caso de ação 2015’, em parceria com o Instituto de Mudanças Globais da Universidade de Queensland e The Boston Consulting Group (BCG). O documento analisa o papel do mar como potência econômica e descreve as ameaças a ele.

A costa brasileiraArte O Dia

Segundo o relatório, o valor dos principais ativos dos mares é estimado em pelo menos 24 trilhões de dólares. Se comparado às dez maiores economias do mundo, o oceano seria a sétima, com valor anual de bens e serviços de 2,5 trilhões, ficando à frente de países como o Brasil, Rússia e Itália. Segundo Marco Lambertini, diretor geral do WWF Internacional, os oceanos se equivalem em riqueza aos países mais ricos, mas têm alcançado as profundezas de uma economia fracassada: “Como acionistas, não podemos manter de forma imprudente a extração de valiosos ativos do oceano sem investir em seu futuro”.

Relatório da Ocean Healthy Index apresentou o Índice de Saúde do Oceano no Brasil. Dez critérios avaliaram os mares. O país recebeu nota baixa em três: produtos naturais (não utilização de recursos de maneira apropriada); turismo (falta de infraestrutura); e provisão de alimentos (desenvolvimento da pesca artesanal e aquicultura).


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