Por bferreira
Rio - Alface, manjericão, alecrim, tomilho e tomate são alguns dos vegetais encontrados nos telhados de dez casas do Chapéu Mangueira e da Babilônia, tudo orgânico e fruto da agricultura familiar que ganha gás pelas favelas do Leme. A produção que começou a ser feita para consumo próprio em 2010 hoje é compartilhada com vizinhos e até vendida a restaurantes badalados.
João Batista%2C Dinei Medina e Cristina Hoffmann desenvolvem o projeto Quintal Produtivo nas comunidades Chapéu Mangueira e BabilôniaMaíra Coelho / Agência O Dia

Tendo como base a sustentabilidade, o dinamismo e a troca interpessoal, as hortas compartilhadas já estão presentes em 30 comunidades e nas escolas municipais da cidade. O cultivo é mais do que apenas plantar e colher legumes e hortaliças. No programa Hortas Cariocas, da Prefeitura do Rio, o principal objetivo é incentivar a alimentação saudável e, ao mesmo tempo, ocupar áreas de risco fornecendo alimentos para famílias e gerando renda. As hortas também fazem parcerias com as escolas públicas, estimulando as crianças a substituir frituras por legumes e verduras.

A iniciativa da Oficina da Horta, no Leme, é uma ótima pedida para tempos de crise, mas a motivação não foi essa. “Sempre plantei em busca de mais saúde”, conta João Batista, morador do Chapéu. Foi ele quem convidou a bióloga Cristina Hoffmann. Ela, moradora do Leme, sobe o morro diariamente para cuidar das hortas. “Aqui é tudo comunitário, dá muito trabalho, mas é um prazer enorme”, diz.
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O grupo também faz hortas nas casas de moradores do alto da favela, que vivem em meio a mata e não tem o que comer, em parceria com o Sebrae e o Morar Carioca. “Nosso foco é multiplicar o conhecimento com os moradores”, afirma ela.
Na Zona Norte, em Manguinhos, a maior plantação da prefeitura ocupa um canteiro de 5.600 metros. Coordenador do programa Hortas Cariocas, Julio Vieira, lembra que a meta é oferecer trabalho às famílias e atender aquelas que possuem déficit alimentar.
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O desejo de viver com mais qualidade de vida levou um grupo de professores e alunos do Programa Academia Carioca a cultivar uma horta suspensa na Clínica da Família Otto Alves de Carvalho, em Rio das Pedras. “Foi feita por eles. Esperamos que se apropriem do espaço e aproveitem para consumir alimentos que fazem bem à saúde”, aconselha o professor Mozart Dante.
Todos podem ter sua horta
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A botânica Cristina Hoffmann explica que cada estufa profissional para fazer verduras hidropônicas custa cerca de R$ 15 mil, mas quem quiser ter uma domiciliar consegue por R$ 500, mais uma manutenção de R$ 13 mensais. Com esse valor, ela garante que dá para alimentar uma família de quatro pessoas. “Dá para ter verdura saudável todos os dias, sem agrotóxicos”.
Para o ano que vem os desafios são ainda maiores. Cristina e sua equipe se preparam para dar cursos para as crianças das comunidades em parceria com o Bar do Alto. “É importante ensinarmos esses meninos que têm tempo ocioso para que sejam multiplicadores em suas casas.” Ela vai mostrar aos pequenos a cultivar a terra, enquanto o chef Rubens Zerbinato, dono do bar ensinará a preparar pratos saudáveis com o que colheram. “Também daremos aulas de sustentabilidade”, conclui. Os vegetais são fornecidos para restaurantes da Zona Sul.
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Colaborou a estagiária Carolina Moura