Por karilayn.areias
A araribá%2C uma espécie da Mata Atlântica%2C comum no Jardim Botânico do Rio%2C reproduzida para aprofundar estudosDivulgação

Rio - Todo mundo sabe que uma planta tem sua época de nascer, crescer e morrer, mas o que muitos nem imaginam é que ela pode se tornar imortal. Através da ilustração botânica, todos os aspectos do vegetal, desde os elementos do fruto até as ranhuras das folhas, são representados em papel. E uma pequena amostra desses documentos, que levam detalhes de plantas típicas do Rio, ficarão expostos a partir de hoje, no 68º Congresso Nacional de Botânica, que será realizado na Cidade Nova.

Bromélias, orquídeas, Pau-brasil e outras dezenas de espécies ganharam vida nas ilustrações de grafite, nanquim e aquarela e vão ficar à disposição de quem passar pelo congresso. Na exposição do professor e ilustrador Paulo Ormindo, 20 profissionais do Rio vão revelar detalhes da flora nativa do estado. Muitos desses trabalhos foram reproduzidos de exsicatas (planta seca) que estão guardadas a sete chaves no herbário do Jardim Botânico. O acervo de lá possui mais de 600 mil exemplares, sendo 25 mil doados por Dom Pedro II.

“Tem material de mais de 200 anos. É fundamental esse acervo, pois há registros de plantas que nem existem mais na natureza”, explicou Ormindo. O trabalho do ilustrador com um vegetal pode durar semanas, meses e até anos. “A planta não está à disposição da gente. Temos que esperar o ciclo natural dela para ilustrar todas as fases, de flor, de fruto”, explicou Paulo.

E representar esses vegetais, com todas as suas especificações, é uma das missões do ilustrador botânico. Com esse instrumento poderoso em mãos, os pesquisadores conseguem, principalmente, organizar e identificar a família das plantas, o que é essencial para a conservação dos vegetais, inclusive os que estão em extinção, como a Prepusa hookeriana Gardner, popularmente conhecida como cravina-do-campo.

Essa planta, que é o símbolo da edição deste ano do congresso, é nativa da serra do Rio e foi avaliada como ‘em perigo’ por botânicos, por conta da mudança climática, de incêndios e até da expansão urbana em seu habitat. “Escolhemos a cravina porque é uma planta endêmica do Rio, típica da Mata Atlântica, que aparece nas serras de Petrópolis e Teresópolis acima de 1.500 metros de altitude. É uma pena ela estar ameaçada de extinção”, explicou o presidente do Congresso Nacional de Botânica, Marcus Alberto Nadruz.  

Bate-papo sobre a flora

Os cariocas também vão sentir um gostinho do congresso. É que uma das atividades do evento será aberta ao público no Jardim Botânico. Um grupo de profissionais vai conversar com a população sobre a flora do Rio de Janeiro. “É uma oportunidade das pessoas conhecerem o trabalho”, contou Nadruz. A ação será na quarta-feira, das 9h às 12h.

No congresso, a agenda é extensa até sexta, com minicursos, palestras, mesa redonda e workshops. A melhor pesquisa na área de botânica, destinada aos alunos de graduação, ganhará o prêmio verde, no valor de R$ 1.500.

Entre as exposições, além de Paulo Ormindo, haverá divulgação dos trabalhos de ilustração de Maria Alice Rezende. Também terá um concurso de fotografia com o tema ‘Diversidade vegetal: conhecimento e aplicações’. A inscrição para o congresso nacional deve ser feita pelo site www.68cnbot.com.br. O evento é pago e será realizado no Centro de Convenções Sul América, na Cidade Nova.

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