Por gabriela.mattos

Rio - Responsável pelo abastecimento d'água de oito municípios do Rio, o Guandu, abriga um projeto pouco conhecido, mas com valor enorme para o meio ambiente. O programa beneficia produtores rurais com uma verba em dinheiro para que eles façam a restauração florestal e conservem as nascentes em suas propriedades. Há nove anos, esse plano já beneficiou 70 proprietários na região de Rio Claro e, para o ano que vem, ele será expandido para outros três municípios que cortam a Bacia Guandu: Mendes, Engenheiro Paulo de Frontin e Miguel Pereira.

A Bacia Hidrográfica do Guandu responde por 85% da água consumida na Região Metropolitana do Rio. São oito municípios atendidos Daniel Castelo Branco / Agência O Dia

Em Rio Claro, a proteção florestal já atinge 4 mil hectares, viabilizando a restauração de cerca de 500 hectares em áreas críticas. Além do ganho social e econômico o projeto ajudou a reativar uma escola que, atualmente, atende 140 alunos de uma comunidade quilombola e gerou mais de 300 vagas de emprego, há também o impacto na melhoria da qualidade da água.

"O reflorestamento ajuda a diminuir o sedimento do solo, que vai para o rio. Com isso, é reduzido também o custo de tratamento d'água. Um bom exemplo desse processo aconteceu na Cantareira, em São Paulo, em que a restauração de apenas 3% da área florestal de lá conseguiu a redução de 50% de terra no rio", explicou Hendrik Mansur, especialista em Conservação na The Nature Conservancy (TNC), que gerencia o projeto de Coalizão Cidades pela Água, presente em 12 regiões do país. No Rio, a TNC foi responsável pela criação do 'Produtor de águas e florestas' na Bacia Guandu, em parceria com o governo do estado e outras instituições.

A Estação da Cedae tem vazão de 43 mil litros d'água por segundoFábio Gonçalves

O valor repassado aos proprietários rurais pelo projeto varia de acordo com o tamanho da terra. O custo médio da restauração por hectare é de R$ 30 mil. A escolha dos produtores para a próxima fase do plano será por edital.

Com as margens do rio bem conservadas, o ganho também chega para moradores das cidades abastecidas pelo Guandu. "O carioca tem água em suas torneiras graças, em parte, às florestas e nascentes dessa região, que os produtores locais ajudam a manter", completou. Além do Rio, a Estação de Tratamento de Água do Guandu, da Cedae, atende Nilópolis, Nova Iguaçu, Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Itaguaí e Queimados. São 43 mil litros por segundo, suficiente para atender nove milhões de pessoas.

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