Por gabriela.mattos

Rio - Para conter as mudanças climáticas, o mundo precisa estabilizar o aquecimento global em menos de 2ºC até 2030. E para ajudar a fechar essa conta no azul, a própria natureza pode contribuir na redução de emissões de gases do efeito estufa. Um estudo desenvolvido pela The Nature Conservancy (TNC), com apoio de outras 15 instituições, aponta que, a conservação ambiental será capaz de diminuir as emissões em 11,3 bilhões de toneladas nos próximos 13 anos, equivalente a mais de um terço da redução total que os países precisam para atingir a meta.

Para conquistar esse objetivo, basta cada país fazer a sua parte com ações que visam, principalmente, a restauração de florestas, recuperação de solos e proteção de mangues. Medidas como a transição para uma matriz energética renovável e o incentivo aos carros elétricos, no entanto, continuam a ser fundamentais.

Estudo mostra que a natureza pode contribuir em 37% na redução do efeito estufaArte O Dia

"Um quarto das emissões de gases de efeito estufa no mundo, hoje, está associado ao uso que fazemos do território. A maneira como vamos administrar esse uso, no futuro, poderá fornecer 37% da solução para a mudança climática. Isso é um enorme potencial, ou seja, se estamos falando sério sobre conter as mudanças climáticas, teremos que pensar em investir na natureza, bem como em energia renovável e transporte limpo", declarou Mark Tercek, CEO da TNC.

No Brasil, os cientistas da TNC descobriram que, se o país conseguir evitar o desmatamento, obterá uma redução de emissões em volume quase igual ao produzido por uma potência industrial como a Alemanha.

Na avaliação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e membro do Conselho Consultivo da TNC no Brasil, a pesquisa também traz desdobramentos importantes para o país. "Esse estudo confirma que o uso mais produtivo e sustentável das áreas agricultáveis, além de ampliar a oferta de alimentos para uma população mundial crescente, pode contribuir substancialmente para a redução dos gases do efeito estufa".

Segundo o Instituto Clima e Sociedade, o Brasil é atualmente o sexto maior emissor mundial de gases de efeito estufa (GEE), mesmo com os avanços recentes em 2003, a participação brasileira chegou a representar 8% das emissões globais de GEE. Entre 1990 e 1997, as emissões totais no país cresceram a um ritmo maior que as emissões globais; entre 1998 e 2004, foi similar ao das emissões globais e, depois de 2005, apresentam uma forte redução, enquanto a emissão mundial aumentou. A partir de 2009, as emissões brasileiras pararam de cair e têm se mantido relativamente estáveis.

Plano global em dois anos

Às vésperas da Conferência Mundial do Clima (COP21), que será realizada a partir de amanhã, na Alemanha, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou estudo sobre o tamanho da dívida climática da humanidade. O levantamento aponta que, aplicando tecnologias já existentes hoje, o mundo conseguiria chegar a 2030 com folga dentro da meta de estabilizar o aquecimento global em menos de 2ºC, conforme o Acordo de Paris. No entanto, um plano global para aplicar essas tecnologias precisaria começar a ser executado daqui a dois anos, mas nada, efetivamente, ainda foi feito.

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