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O senador Aécio Neves (PSDB-MG) está livre para exercer o mandato e para sair de casa quando bem entender. Seus pares derrubaram ontem, por 44 votos a 26, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o afastara da Casa e lhe impusera recolhimento domiciliar noturno. Partido do presidente Michel Temer, o PMDB parece ter superado rusgas com o PSDB e votou em peso pela 'absolvição' do tucano. Liminar concedida pela manhã pelo ministro do STF Alexandre de Moraes ordenando que a votação fosse aberta não intimidou os 70 parlamentares presentes.

Aécio Neves estava afastado desde 26 de setembro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o denunciara por corrupção passiva e obstrução de Justiça, com base em delações premiadas da J&F. Ele foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista.

Força-tarefa

Para atingir um resultado, eram necessários pelo menos 41 parlamentares a favor ou contra o tucano caso contrário, a apreciação teria que ser refeita em outra data. A decisão foi apertada. Para o resultado ser possível, alguns senadores chegaram a contrariar orientações médicas para participar do pleito. O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), que teve uma crise hipertensiva pela manhã, foi direto do hospital para o Senado. A votação, inclusive, atrasou para aguardar a sua chegada.

Já o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), ignorou o atestado médico para participar das articulações a favor de Aécio e da votação. Semana passada, ele foi internado e submetido a uma cirurgia de diverticulite aguda.

Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a convocar Bauer no microfone. Ele brincou que o líder do governo "arrancou metade das tripas" e veio votar mesmo assim. O próprio presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE), antecipou o seu retorno da Rússia, ontem à noite, para conduzir os trabalhos.

Do lado oposto ocorreu movimento semelhante, porém menos eficaz. O líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), veio de cadeira de rodas, após ter fraturado o úmero ao tentar domar mula em sua fazenda semana passada. Ele está de licença médica por 15 dias.

Em nota, Aécio disse que recebeu com "serenidade" a decisão do plenário para retomar o mandato. "A decisão restabeleceu princípios essenciais de um Estado Democrático, assegurando ao senador a oportunidade de apresentar sua defesa e comprovar na Justiça sua inocência", diz o texto.

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