O pai do garoto de 14 anos que disparou contra colegas na sexta-feira, no colégio Goyases, em Goiânia, deixando dois mortos, depôs na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai) na manhã de ontem. O major Divino Aparecido Malaquias, da Polícia Militar de Goiás, disse que não sabia que o filho sofria bullying na escola, como o menino relatou em seu depoimento. O adolescente foi transferido na tarde de ontem para um centro de internação. Ele deve cumprir 45 dias de internação provisória.
De acordo com o delegado Luiz Gonzaga Júnior, o major confirmou que a arma utilizada pelo filho, uma pistola calibre. 40, pertencia à mulher, também policial. No depoimento, Malaquias disse não saber se o filho sofria bullying dos colegas atingidos pelos disparos. "Ele disse que o filho sempre teve um bom relacionamento familiar, mas que nunca relatou uma situação de bulliyng ou pertubação psicológica, nem a coordenação ou professores do colégio nos trouxeram que isso poderia ter ocorrido", disse o delegado.
Tratamento psicológico
Ainda segundo o policial, o major informou que o filho passou por tratamento psicológico há alguns meses, mas não precisou por quanto tempo, nem por qual motivo. "Ele confirmou que nunca, em casa, ninguém ensinou o filho a atirar; disse que ele aprendeu pela internet", descreveu Gonzaga Júnior.
O pai também afirmou que o garoto jamais manifestou interesse pela arma, que, de acordo com o major, ficava em cima do guarda-roupa do casal e separado da munição, que era trancada em uma gaveta. O policial disse não saber como o filho teve acesso aos projéteis. A Polícia Militar do Estado de Goiás vai abrir procedimento administrativo para esclarecer esse ponto.
Sábado, a juíza plantonista Mônica Cezar Moreno Senhorelo havia decidido pela internação no Centro de Internação Provisória (CIP) de Goiânia. A advogada do estudante, Rosângela Magalhães, disse que iria buscar internação em outro local sob a alegação de que o CIP não seria seguro, uma vez que o caso é de grande repercussão e o adolescente é filho de policiais militares. O estudante pode ter sido encaminhado a qualquer um dos dez centros de internação do estado, dentro ou fora da capital.