Por Gabriel Sobreira

Wagner Montes se considera um vencedor. Em fevereiro, quando voltava de um voo de Foz do Iguaçu, ele teve uma arritmia cardíaca. Foi imediatamente levado para o centro médico do aeroporto. A pressão dele chegou a 5x3. Foi hospitalizado. Passou por complicações hospitalares. Pegou pneumonite. Sete meses depois - cinco deles afastado da TV - em questão de minutos, ele quadruplica a audiência (chegando a 4,5 pontos) quando entra no ar com o 'Balanço Geral RJ Manhã', da Record.

"Peguei pneumonia e infecção urinária no hospital. Estou com a imunidade muito melhor agora. Deixo Deus ser Deus. O tempo Dele é diferente do nosso. Estou fazendo a minha parte e Ele fazendo a Dele e vai ficar muito legal. Estou 85% recuperado", comemora Wagner.

BATALHAS

Por enquanto, para se locomover, o apresentador usa uma cadeira de rodas e faz fisioterapia para ficar em pé e andar novamente. "A imobilização da perna gerou trombose, não venosa, mas muscular porque fiquei 40 dias quase com a perna parada. O músculo ficou enfraquecido e acabei ficando sem força na perna. É a única perna que tenho. Fui contraindo essas coisas e fui vencendo as batalhas com a graça de Deus competência dos médicos e enfermeiros", vibra. "Sempre tive muita fé", acrescenta.

APOIO

Aos 63 anos, Wagner conta que recebe muitas mensagens de apoio dos fãs, além do carinho dos familiares. "São orações, santinhos, vídeos", cita ele, famoso pelo bordão "Escracha!". "Já tentei parar com ele, falo há 11 anos. Mas desisti, para onde vou sempre escuto e tenho orgulho em falar", festeja.

Engana-se quem pensa que por acordar mais cedo, Montes tem mais tempo com a família. "Trabalho bem mais. Faço fisioterapia três vezes na semana e nos outros dias faço exames. No fim de semana me reúno com meus amigos para jogar tranca, almoço e fico com a minha família. Não tenho vida social agitada", salienta Wagner, que é casado com a atriz Sonia Lima, 57 anos, e pai de Wagner Montes Filho, de 31, e Diego Montez, 25. E avô de primeira viagem de Enzo, filho de seu primogênito. "Gosto muito do meu neto e brinco, mas não sou um avô babão", confessa.

VISUAL

Quando voltou a trabalhar, Montes surgiu de barba acompanhando o visual grisalho já adotado anteriormente. "Estou mais para Sean Penn, Richard Gere e George Clooney (risos). A maioria dos fãs apoia, alguns mandam tirar a barba. Mas está legal. Se eu cismar, eu tiro. Não ligo, não tenho dogmas, não tenho tabus", reforça, com humor, se comparando a astros de Hollywood que usam ou usaram visual parecido.

Conhecido por sua veia irreverente e contundente, Wagner leva com humor até quando o assunto é sério. "Já fui ameaçado de morte várias vezes. Mas é como dizem: 'Chuva que molha defunto, também molha o carregador', 'Vento que venta para cá também venta para lá' e 'O mal do urubu é pensar que o boi está morto'. Ando armado dentro da legalidade, com porte. Se falarem: 'Perdeu, tio!'. Vai tomar uma caroçada e ainda falo: 'Achou, sobrinho!'", diverte-se.

CARREIRA

Na TV são 38 anos de carreira ("Nunca fui demitido", orgulha-se), se contar os anos de rádio, o número totaliza 43 anos de trajetória. "O meu trabalho é marcado pela verdade com que falo para a população. Digo o que sinto e o que penso. Não sou de meias palavras. Falo o que vem à cabeça", conta ele. Montes afirma que nunca pensou em desistir de fazer TV. "Se eu pudesse escolher como vou morrer, pois ainda falta muito porque acredito que vai demorar e que ainda dar vou trabalho (risos), seria dentro do estúdio", revela. Mas antes disso, ele ainda quer realizar um sonho. "Antes de parar, sonho em fazer um programa chamado 'De Bem Com a Vida', com cerca de 40 minutos de duração, mas só com notícias boas", deseja.

SOLDADO

Para comandar o programa matutino da Record, no ar das 6h30 às 7h30, o apresentador acorda às 4h30 da manhã. "Já me acostumei com o horário", salienta ele, que antes comandava o 'Balanço Geral RJ' na parte da tarde. A mudança aconteceu a pedido de Fabiano Freitas, presidente da Record Rio. "Ele me chamou e disse: 'Precisamos de você para alavancar a audiência da manhã'. Sou soldado e sirvo onde sou colocado", afirma Wagner Montes. "Nunca participei de reunião de pauta. Deixo tudo com a produção. Chego na emissora, tomo meu café com pão e manteiga. Fico sabendo o que vai para o ar na hora que começo a apresentar, como o próprio telespectador", completa.

RIO DE JANEIRO

Além de jornalista, Wagner é deputado estadual (PRB-RJ) e diz que o problema do Rio de Janeiro é a falta de investimento na educação. "Há mais de 20 anos, eu já falava que se a caneta e o caderno não forem aplicados com seriedade, iam se transformar em fuzis. Tem que vir UPP Social, creche, investimento de saneamento básico. O casarão encontrado na Rocinha deveria virar um local médico. Cada cômodo com uma especialidade. Temos umas 582 comunidades, mas 20 são as mais faladas. E as outras? As pessoas pagavam R$ 92 pelo botijão de gás na Rocinha. Por que a Petrobras não coloca para vender a R$ 40 para o morador? É por que o bandido não deixa? Bota a força do Estado", sugere.

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