
Bárbara Paz é movida pela paixão com que se envolve em tudo na vida. No ar como a vilã Jô em 'O Outro Lado do Paraíso', a atriz está adorando dar voz às vilanias da 'falsiane'.
"Jô é como a personagem de 'A Malvada' (filme de 1950 com Bette Davis e Anne Baxter, que fala justamente de alguém que se aproxima como amiga, se infiltra na vida da outra, com intenções sombrias). Ela quer ser a Elizabeth (Gloria Pires), quer o seu marido, a filha, a casa", constata. "Jô quer tomar a vida da Beth e acho que vai conseguir".
Nos capítulos recentes do folhetim, a vilã convenceu Elizabeth a romper com Renan (Marcello Novaes) pessoalmente. No episódio, acidentalmente, a personagem de Gloria provocou a morte do amante, dando para o sogro, Natanael (Juca de Oliveira), 'a faca e o queijo' para detoná-la de vez: ele a obrigou a forjar a própria morte. Trama digna de roteiro de cinema.
"O Walcyr (Carrasco) ainda está escrevendo as próximas cenas. Sei que ela também vai dar uma sumida. E vai voltar toda recauchutada, linda, poderosa. Acho que vem muita maldade por aí", acredita.
Ao ser perguntada se já sofreu alguma traição na amizade, Bárbara não titubeia: "Já me decepcionei com amigas, mas nada tão pesado. Na vida, cortei relações. Amizade é algo primoroso. A família que tenho é a família de amigos. Então, dificilmente vou dar outra chance". E conclui sobre sua personagem. "Do jeito que ela faz é muita maldade. É tudo premeditado".
REPERCUSSÃO
Nas ruas, a gaúcha de Campo Bom (RS) afirma que a "falsa amiga" do folhetim já está dando o que falar. "As pessoas me param na rua, estão com ódio dela, e vão ficar ainda mais. Ela vai tomar conta de tudo que é da Elizabeth", promete.
"A novela fala que tudo que você faz na vida volta. Fico pensando o que vai acontecer com ela", diz a atriz sobre a 'lei do retorno', tema da trama. No entanto, ela não faz julgamento de Jô. "Ela tem um quê de 'Mulheres Ricas' (reality exibido na Band sobre mulheres com alto poder aquisitivo). Digo no estilo de vida, não na maldade, claro", diz.
Apesar do 'lado negro' da personagem, ela está satisfeita com o presente. "Fazer uma vilã é uma delícia, posso andar por todos os caminhos. Quero fazer a personagem solar. Porque, na verdade, passar por cima da outra não a machuca. Essas pessoas não têm dor interna, tudo é falso. Tem uma psicopatia", reflete.
TRABALHO COMO COMBUSTÍVEL
Além da novela, Bárbara faz pela segunda vez o programa 'A Arte do Encontro', no Cana Brasil. A atriz divide o comando com Tony Ramos. "São verdadeiros encontros, não entrevistas. É tudo o que queremos na vida: uma mesa, boas pessoas e um bom papo", garante. "Estou ali mais de ouvinte, escutando sobre a poesia de viver, da existência. Até fiz jornalismo, mas não tenho pretensão de ser apresentadora, sou comunicadora. Um artista deve caminhar pelos lugares".
A atriz também trabalha na finalização do documentário sobre a vida do cineasta Hector Babenco, que morreu ano passado, seu companheiro por sete anos. "Quero terminá-lo até a metade do ano que vem. E depois, quero dirigir mais", afirma, sobre o filme que começou a ser feito junto com o cineasta.
Nas telonas, ela também vai protagonizar 'Boderline', de Cibele Amaral. "Está sendo rodado em Brasília. Os três veículos me completam (TV, teatro e cinema). Preciso do teatro para ser melhor na TV, por exemplo", confidencia. "E se conseguir, ainda quero voltar com o teatro este ano", diz ela, sobre o espetáculo 'Gata em Teto de Zinco Quente', que já esteve em cartaz.
CORAÇÃO TRANQUILO
Bárbara não parou de trabalhar mesmo diante da recente perda, já que para a artista o trabalho está misturado à vida. "Difícil não pensar em algum projeto mesmo quando vou ao teatro, ao cinema", diz. "Para mim, não tem separação (vida e arte). Acaba sendo uma psicanálise também. Não conseguiria fazer outra coisa", admite. "A arte me escolheu. Não foi uma opção. Me salvou, me deu um berço", completa.
Bárbara já teve outras grandes perdas - o pai morreu quando ela tinha 6 anos, e a mãe quando tinha 17 - mas prefere pensar em continuidade e focar no lado bom de tudo. "O coração está mais tranquilo, estou melhor. Tranquila na vida. Ela está me dando muitas coisas boas. A vida é um ciclo e já estou sabendo lidar há muito tempo. Estou no baile da vida de novo".
SEM PRESSA
Aos 43 anos, a atriz acumula projetos e sonhos profissionais, e não descarta a vivência da maternidade. "Claro que penso nisso ainda. Adoro criança. Talvez a vida me dê, mas deixo ela me levar. Não programo mesmo. Se rolar, vai ter que ser assim. Quero as coisas sem peso", diz.