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A perda da libido é um problema recorrente entre casais e afeta, especialmente, as mulheres. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que um terço das entrevistadas admitiram perda de desejo sexual. Nesse casos, o quadro se agravava mais em mulheres que sofriam com estresse e depressão. Mas esse distúrbio tem solução e o processo envolve diagnóstico correto, autoconhecimento, hábitos saudáveis e acompanhamento ginecológico e psicoterapêutico.
O primeiro passo, de acordo com a doutora Flávia Fairbanks, do Projeto Sexualidade (ProSex), da USP, é identificar e tratar a depressão ou alguma outra enfermidade que esteja incomodando, até mesmo com medicamentos. "Muitas evitam porque temem os efeitos colaterais, mas o 'não tratamento' é muito pior para a libido". Resolvida essa pendência, é o momento de encontrar respostas específicas para a questão do desejo sexual. A ginecologista alerta para a necessidade de compreensão do ciclo de resposta sexual feminino. "Há mulheres que criam uma expectativa ilusória e consideram a vida sexual insatisfatória. Quando elas descobrem o que é o normal, e explico pontos como o orgasmo, entendem que o quadro não é tão severo assim", completou Flávia.
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Mesmo com a importância do acompanhamento médico, os especialistas destacam que uma série de ações no dia a dia, como hábitos saudáveis e organização do tempo para cada atividade, que melhora a libido, mas exige iniciativa das interessadas. A missão é difícil, principalmente, para mulheres que trabalham fora e ainda precisam cuidar dos filhos e da casa. E o cenário acaba sendo propício para o desenvolvimento de estresse, ansiedade e depressão, os vilões da libido.
"É necessário dividir bem o próprio tempo. Ter a hora do trabalho, do esporte, da conversa com a família, do jantar com o marido. Fica uma loucura se fizer tudo ao mesmo tempo", esclareceu a psicóloga Marina Simas, do Instituto do Casal, especialista em terapia de casal e em sexualidade.
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Sérgio Toledo, diretor científico da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do estado de São Paulo, destaca que algumas medidas simples, como alimentação regrada, sono tranquilo e prática regular de exercícios físicos, proporcionam uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, a disposição sexual. "Não pode ser só esportista de fim de semana", ressaltou. Toledo ainda explica que a obesidade e o sobrepeso podem contribuir para inibir o desejo. "Além de não ter vontade de atividade física, a mulher sente-se depreciada, com baixa autoestima".
Constatado o distúrbio da libido insatisfatória, e caso não seja motivado por problemas hormonais, o tratamento chega na fase que envolve uma equipe multiprofissional, com psicólogo, psiquiatra, terapeuta e ginecologista. A junção de forças ajuda a descobrir o que motivou a diminuição do desejo e permite que a paciente seja assistida em todos os aspectos da função sexual, com abordagens individuais e terapia de casal. "Não existe fórmula mágica. Cada mulher vive em uma realidade econômica, social e cultural diferente. Tudo tem que ser respeitado para entender a diminuição do desejo sexual e tentar recuperá-lo da melhor maneira possível", finalizou Flávia Fairbanks.
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