Cientistas conseguiram criar óvulos em laboratório pela primeira vez - AFP
Cientistas conseguiram criar óvulos em laboratório pela primeira vezAFP
Por AFP

Paris - Pela primeira vez na história, cientistas britânicos e americanos conseguiram cultivar óvulos humanos em laboratório até a plena maturidade, ou seja, prontos para serem fecundados. O avanço oferece um potencial para preservar a fertilidade feminina e casos de câncer, segundo trabalhos publicados nesta sexta-feira.

De acordo com os pesquisadores, o interesse para aquelas pessoas que vão receber um tratamento como a quimioterapia, seria evitar a reimplantação do tecido ovariano previamente removido e, portanto, o risco de reintrodução do câncer. Em vez disso, as células dos ovários imaturos recuperados a partir de um pedaço do órgão das pacientes poderiam ser levados à maturidade in vitro. Eles seriam armazenados para serem fertilizados posteriormente.

Para o estudo, os pesquisadores desenvolveram substâncias adequadas (meios de cultura em linguagem técnica) em que as células foram cultivados para suportar cada etapa do seu desenvolvimento. Anteriormente, os cientistas já haviam conseguido maturar no laboratório óculos de ratos para produzir descendentes vivos. Outros fizeram amadurecer óvulos humanos a um estágio de desenvolvimento relativamente tardio.

"Ser capaz de desenvolver plenamente óvulos humanos em laboratório pode ampliar o alcance dos tratamentos de fertilidade disponíveis e agora estamos trabalhando para otimizar as condições para o seu desenvolvimento. Esperamos saber, sujeito à aprovação regulamentar, se eles podem ser fecundados", comentou a professora Evelyn Telfer, da universidade de Edimburgo, que liderou esta pesquisa.

O professor Azim Surani, da universidade de Cambridge, estima, por sua vez, ao Science Media Center que "os resultados relatados no estudo são interessantes". Mas, ele acrescenta: "ainda há muito trabalho a fazer antes de concluir que eles têm o potencial de ser usados em clínicas".

Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, observa que o procedimento ainda é "realmente muito ineficiente", com, segundo ele, apenas nove células atingindo o estágio de óvulos maduros, de um grande número não especificado. Ele vê isso como "um avanço importante que poderia oferecer esperança a mulheres inférteis", mas "levará vários anos para traduzir isso em terapia", adverte.

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