Por parroyo

O Brasil estará pronto para receber o Mundial, apesar de alguns comentários da Fifa, garantiu nesta terça-feira a ministra da Cultura, Marta Suplicy, que convidou os torcedores a "amarem o Brasil" em toda a sua diversidade, para além do futebol.

"O Brasil quer mostrar que está além do futebol e do carnaval", declarou a ministra em entrevista em Paris, onde vai ser inaugurada na quarta-feira a exposição de "Guerra e Paz", obra do pintor Candido Portinari emprestada pela ONU para ser vista pelo público no Grand Palais. A ideia de levar esta monumental obra faz parte da estratégia do Brasil para aproveitar o interesse gerado pela Copa.

"É uma oportunidade de ouro para o Brasil, para mostrar sua diversidade cultural", declarou. "As pessoas conhecem bem o samba e as praias, mas não tanto o artesanato brasileiro, ou a música para além da bossa nova, a dança e a literatura".

E o Mundial, que será disputado de 12 de junho a 13 de julho, também permitirá mostrar o Brasil aos próprios brasileiros. "Os brasileiros do norte não conhecem a música ou as danças do sul do Brasil", disse. 

Em um momento de desconfiança internacional em torno do êxito da Copa do Mundo de 2014, Suplicy recomendou que os visitantes abracem o país em sua diversidade: "Venham amar o Brasil!", lançou. Segundo a ministra, "os líderes da Fifa cumprem sua função, que é ter exigências e fazer observações às vezes cáusticas".

"Mas vamos fornecer tudo, e tudo ficará bem", disse a ex-prefeita de São Paulo, procurando passar confiança, mesmo diante dos atrasos em diversas obras a pouco mais de um mês da partida de abertura.

Marta Suplicy provocou recentemente uma pequena tempestade no Partido dos Trabalhadores (PT) ao pedir que seus integrantes refletissem sobre a possibilidade de Lula ser o candidato nas eleições de outubro. Mas em Paris a ministra de Dilma Rousseff se negou a falar sobre o tema. "Não quero falar de política", declarou.

"Estamos em tempos de futebol e, para nós, o 'timing' desta exposição é perfeito", disse. Segundo Suplicy, a obra de Portinari (1903-1962), "o maior pintor do Brasil", é de alcance universal e seu apelo à paz "fala a todas as gerações". "No século XXI seguimos na guerra, uma guerra diferente, mas continua sendo a guerra", declarou a ministra de 69 anos.

Pintado entre 1952 e 1956, o painel "Guerra e Paz" decora a entrada da sede da ONU em Nova York, atualmente em obras de reforma, o que permitiu exibi-lo no Brasil entre 2010 e 2013 e apresentá-lo até o dia 9 de junho em Paris, última oportunidade para que seja visto antes que retorne às Nações Unidas.

"Esteve por 50 anos na ONU, e talvez seja preciso esperar outros 50 para vê-lo em outro lugar", comentou Suplicy, acrescentando que "apenas o Grand Palais" era possível como lugar de exibição "devido à altura da obra, mas também por sua importância para o Brasil".

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