Por douglas.nunes

Rio - Cerca de 3 mil professores aprovaram nesta quinta-feira, por unimidade, a continuidade da greve no estado e no muncípio do Rio de Janeiro. A paralisação começou na segunda-feira, em protesto por reajuste salarial de 20%, redução da jornada semanal de trabalho dos funcionários administrativos para 30 horas e reserva de um terço da carga horária para preparar aula.

Os profissionais estão reunidos para formar uma comissão para negociar com os governos estadual e municipal. "Ainda não fomos recebidos pelos governos. Queremos negociar", disse Marta Moraes, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ).

A expectativa é que os professores participem ainda nesta quinta-feira de uma manifestação na Central do Brasil e na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Lá estarão grupos que protestam contra gastos públicos e violação de direitos humanos para a realização da Copa do Mundo no Brasil.

De acordo com os professores, cerca de 27 mil (30% do total) estão parados em todo o estado. O número é cem vezes maior do que o confirmado pela Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, que até quarta-feira informava que apenas 0,3% da categoria ou 269 profissionais estão em greve. Na quarta-feira, as secretarias municipais e estaduais anunciaram corte de ponto dos grevistas.

Passeata reúne cerca de 5 mil professores em São Paulo, diz PM

Em São Paulo, cerca de 5 mil professores da rede municipal de ensino, de acordo com a Polícia Militar, fazem uma passeata na Avenida 23 de Maio, em direção à prefeitura. Os docentes estão em greve desde o dia 23 de abril e decidiram na terça-feira, durante assembleia, manter a paralisação. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal (Simpeem). Os profissionais reivindicam a incorporação de um bônus complementar ao salário, a valorização profissional e melhorias nas condições de trabalho.

A Secretaria Municipal de Educação informou que já há uma comissão do sindicato sendo recebida por membros do órgão e não há previsão para o término da reunião. Por meio de nota, a secretaria destaca que o prefeito Fernando Haddad encaminhou na terça-feira um projeto de lei à Câmara dos Vereadores para aumentar o piso salarial dos professores, gestores e profissionais do quadro de apoio à educação em 15,38%. “O piso dos professores com jornada semanal de 40 horas/aula passará a ser R$ 3 mil, a partir de primeiro de maio deste ano. Com a medida, o município de São Paulo pagará um dos maiores pisos salariais do Brasil”, disse a secretaria. 

Segundo a secretaria, até esta quarta-feira das 1.523 unidades existentes em São Paulo, 15 estavam completamente paradas.

Bombeiros e PMs em Pernambuco

Em Pernambuco, o presidente do Tribunal de Justiça do estado, Frederico Neves, determinou o fim da greve dos policiais militares do estado. Pela liminar divulgada nesta quinta-feira, a categoria tem que retomar imediatamente ao trabalho. O governo federal autorizou nesta quinta-feira o envio de homens da Força Nacional para reforçar a segurança, após pedido do governador João Lyra Neto (PSB).

Grupo ataca caminhão em RecifeReprodução / TV Globo

Saques

Vários estabelecimentos comerciais da região metropolitana do Recife foram saqueados desde a noite de terça-feira.  Em Abreu e Lima, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu 20 pessoas que participaram dos saques na quarta-feira à noite. 

Segundo o diretor-secretário da Associação Comercial de Pernambuco, Adalberto Arruda Silva, já foram confirmados saques a farmácias, supermercados, lojas de eletroeletrônicos e de calçados. Os saques ocorreram principalmente em Abreu e Lima, onde ônibus foram depredados e a prefeitura decretou ponto facultativo. “Temos ciência das notícias de saques e de ações violentas, mas ainda não podemos falar em números. Até porque há muitos boatos. Foi tudo muito repentino e surpreendente. Não esperávamos ações tão agressivas”, afirmou o diretor. 

Na capital, parte dos lojistas do Shopping Recife fecharam as portas após um princípio de tumulto. Segundo funcionários de lojas ouvidos pelaAgência Brasil, não houve furtos ou saques, só um mal-entendido, e parte das lojas reabriu. No entanto, mais tarde, como medida preventiva, a administração do shopping decidiu encerrar o expediente. Nas redes sociais, internautas que disseram ter presenciado a correria garantem que se tratou de um arrastão e que houve grande confusão. Já em Jaboatão, alguns lojistas do Shopping Guararapes interromperam o expediente e o movimento de consumidores é menor que o habitual.

Entre 18 reivindicações, os policiais militares e bombeiros de pedem melhores condições de trabalho; reajuste salarial de 50% para soldados e de 30% para oficiais retroativo a janeiro deste ano; aprovação de um novo plano de cargos e carreira; fim da pena de prisão prevista no Código Disciplinar; exigência de curso superior para admissão de novos militares; pagamento de uma gratificação para quem fizer cursos de especialização, além do aumento do valor do tíquete-refeição. De acordo com representantes do governo de Pernambuco, a negociação fechada em 2011 com policiais e bombeiros militares previu reajuste de salários nos anos de 2012, 2013 e 2014. Pelo acordo aprovado pelos grevistas, o reajuste, neste ano, chega a 14,55%.

PM decide pelo fim da greve em Pernambuco

Policiais militares e bombeiros de Pernambuco acabam de decidir, em assembleia, o fim da greve. Eles voltarão ao trabalho imediatamente e um canal de negociação será aberto com o governo. Também será encaminhado, à Assembleia Legislativa, um projeto de cargos e carreiras para a categoria, bem como de incorporação do risco de vida ao salário. A proposta deverá ser votada até 30 de julho, segundo acordo firmado com o governo.

Piquete no Ministério da Cultura

Em Brasília, servidores do Ministério da Cultura fizeram um piquete em frente ao prédio do órgão, em Brasília. A movimentação foi pacífica e os trabalhadores não estão sendo impedidos de trabalhar. Nesta quinta-feira, o movimento grevista espera se reunir com representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para dar início às negociações.

No Rio, cerca de 40 servidores públicos do setor da cultura se reuniram em frente ao Museu da República, no Catete, zona sul do Rio, com o objetivo de conseguir o apoio dos frequentadores dos jardins do museu para a paralisação da classe.

Os grevistas reclamam da falta de condições de trabalho e pedem equiparação salarial com categorias que servem em outras áreas no âmbito federal na mesma função. No dia 29 de abril os servidores do ministério fizeram uma paralisação nacional de 24 horas, e, depois de 48 horas, nos dias 7 e 8 de maio. Na segunda-feira, foi iniciada a greve nacional. A assessoria de imprensa da pasta informou que, apesar do piquete, o ministério está funcionando normalmente.

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