Alguns dos assentos com o dobro de largura, que a lei brasileira garante para torcedores obesos, estão sendo ocupados na Copa do Mundo por pessoas que não precisam de tanto espaço extra; a FIFA disse que não pode fazer nada para impedir que isso aconteça.
O órgão regulador do futebol disse que está utilizando diretrizes da Organização Mundial da Saúde e normas oficiais do Ministério da Saúde do Brasil no que tange a quem pode ser classificado como obeso. Aqueles com um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais podem adquirir um ingresso de necessidades especiais à metade do preço e obter um dos assentos especiais. Uma pessoa de 1,80 metro e 100 quilos se qualificaria.
“Há casos em que a pessoa não parece obesa, mas cumpre as diretrizes”, disse Federico Addiechi, diretor de hospitalidade corporativa, ontem após uma reunião no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, onde será disputada a final da Copa, no dia 13 de julho. “Não podemos decidir que alguém não é obeso se a lei disser que é”.
Conforme as diretrizes da OMS, um IMC de 30 representa uma obesidade de nível 1; nesta categoria entrariam muitos brasileiros. Quase metade da população do Brasil tem sobrepeso, segundo um estudo feito pelo governo brasileiro, que também descobriu que a porcentagem de obesos no país subiu de 11 por cento em 2006 para 16 por cento em 2011.
Verificação aleatória
Além dos obesos, outras pessoas com direito ao desconto por necessidades especiais são os usuários de cadeiras de rodas e as pessoas com mobilidade limitada. A FIFA disponibilizou cerca de 20.000 ingressos para pessoas com necessidades especiais para os 64 jogos do torneio. Cerca de 1.400 ainda estão disponíveis.
Addiechi, da FIFA, disse que os organizadores realizam verificações aleatórias para confirmar que os torcedores que compraram ingressos para pessoas com necessidades especiais cumpram os critérios. Cada ingresso também permite a assistência de um acompanhante, sem custo adicional.
Seria impossível ter um sistema completamente à prova de enganações para detectar impostores, disse Addiechi.
“Houve um longo debate quando discutimos o sistema de ingressos e como íamos implementar esta evidência de deficiência”, disse ele. “A decisão tomada foi ter um sistema de evidências leves de deficiência para podermos oferecer um acesso fácil”.