Por marta.valim

Empresas de energia estão levando suas polêmicas operações de fracking da terra para o mar – para as águas profundas nos litorais dos EUA, da América do Sul e da África.

Quebrar pedras subterrâneas para permitir que petróleo e gás fluam mais livremente para os poços cresceu até se transformar em uma das práticas mais lucrativas do setor nos últimos cem anos. A técnica também é amplamente condenada como fonte de contaminação de água subterrânea. Agora, a questão é o que resultará desse debate à medida que o equipamento passe para as águas profundas. Até agora, a palavra operacional de todas as partes é precaução.

“É o ambiente mais desafiador e duro em que estaremos trabalhando”, disse Ron Dusterhoft, engenheiro da Halliburton Co., a maior praticante de fracking do mundo. “Simplesmente não pode haver contratempos”.

O fracking offshore faz parte de uma estratégia mais ampla do setor para fazer com que desenvolvimentos de bilhões de dólares em águas profundas rendam. A prática existe há duas décadas, mas somente nos últimos anos avanços na tecnologia e amplas descobertas offshore se combinaram para tornar exequível o fracking em grande escala.

Ainda que o fracking também esteja passando para os litorais do Brasil e da África, a grande jogada é no Golfo do México, onde poços a mais de 160 quilômetros da costa devem atravessar profundidades submarinhas de 1,6 quilômetros ou mais e sua perfuração pode custar quase US$ 100 milhões.

Esses projetos caros de perfuração são uma bênção para fornecedores de serviços de petróleo como a Halliburton, a Baker Hughes Inc. e a Superior Energy Services Inc. A Schlumberger Ltd., que fornece equipamentos de fracking offshore em mercados fora do Golfo dos EUA, também está pronta para receber trabalho. E produtoras como a Chevron Corp., a Royal Dutch Shell Plc e a BP Plc poderiam ganhar bilhões de dólares em receita extra com o tempo à medida que o fracking ajuda a aumentar a produção de petróleo bruto.

Jogados ao mar

É um investimento razoável que vale a pena, pois a indústria enfrenta o desafio de “como fraturar e estimular melhor as rochas” que têm petróleo bruto, disse Cindy Yielding, diretora de avaliação da BP.

No mar, a água que flui de volta dos poços fraturados é limpa em grandes plataformas perto dos poços filtrando o petróleo e outros contaminantes. Depois, a água residual tratada é jogada ao mar na vastidão do Golfo do México, onde a diluição a torna inofensiva, segundo companhias e reguladores.

O processo de tratamento é obrigatório conforme regulações da Agência de Proteção Ambiental. Na Califórnia, onde produtores estão fazendo fracking offshore em campos existentes, críticos liderados pelo Centro de Defesa Ambiental pediram aos reguladores federais que banissem a prática na Costa Oeste até que se saiba mais sobre seus efeitos.

Vida marinha danificada

O fracking offshore no Golfo do México também deveria ser sujeito a uma revisão ambiental detalhada, disse Tony Knap, diretor do Grupo de Pesquisa Geoquímica e Ambiental da Universidade Texas A&M. A preocupação é que os produtos químicos usados no fluído de fracking lançado no Golfo possam danificar a vida marinha ou perturbar o ecossistema, disse Miyoko Sakashita, diretora de Oceanos no Centro de Diversidade Biológica.

A nova fronteira no Golfo de México para empresas incluindo a Chevron e a Shell é uma zona subterrânea que é uma camada mais velha da crosta da Terra feita de rochas mais densas e duras de quebrar.

O fracking mais intenso significa que volumes maiores de água, areia e equipamentos são necessários para extrair mais petróleo – e maiores navios para transportar tudo.

“O processo está ficando mais sofisticado”, disse James Wicklund, analista da Credit Suisse em Dallas, em entrevista por telefone. “Os volumes necessários, especialmente para o fracking nessa zona, são enormes”.

Você pode gostar