Brasília - A campanha petista partiu para o contra-ataque na terra de Lula. Único estado nordestino em que a candidata Dilma Rousseff não teve maioria dos votos, Pernambuco deve receber Dilma e Lula na semana que vem. Eles já estiveram juntos num comício no estado no início de setembro, na campanha do primeiro turno.
O partido desafiou a militância a angariar para Dilma entre 60% e 70% dos votos pernambucanos. No primeiro turno, a candidata Marina Silva (PSB), com apoio da família de Eduardo Campos, obteve 48,05% dos votos, contra 44,22% de Dilma. Aécio teve apenas 5,92% dos votos, mas agora conta com o apoio do PSB e da viúva Regina Campos. “É perfeitamente factível alcançarmos esse percentual de votação no segundo turno. Os votos para Marina sinalizaram o respeito do povo pernambucano à memória de Eduardo. Não significa que eles migrarão para Aécio”, disse um integrante da campanha em Pernambuco.
A agenda ainda está sendo formatada, mas a ideia é que Lula e Dilma se dividam entre Recife, Goiana, na Zona da Mata Norte, e Caruaru, no Agreste. Ontem, o ministro licenciado da Secretaria-Geral Gilberto Carvalho esteve em Recife, onde encontrou-se com movimentos sociais rurais e urbanos e antecipou o objetivo da incursão da campanha pelo estado. Ele lembrou que os investimentos em Pernambuco se devem não apenas ao ex-governador falecido em agosto, mas também à parceria com o governo federal.
“É importante lembrar aos pernambucanos a continuidade dessa parceria, onde o Nordeste ganhou e Pernambuco, em particular, virou um conjunto imenso de obras. Com o apoio do povo pernambucano, a presidenta Dilma vai continuar privilegiando esse povo extraordinário”, disse Carvalho em entrevista para uma rádio.
O ministro citou que o então senador Aécio Neves brigou contra a instalação da fábrica da Fiat em Goiana. “Dentro do muito que fizemos, não esqueço o presidente Lula determinando a fábrica da Fiat e o Aécio Neves criticando duramente a Lula e ao então governador Eduardo Campos, por que estávamos levando a fábrica para Goiana, e não para Belo Horizonte, como ele queria”, alfinetou.
Antes de Pernambuco, no entanto, o périplo de Dilma Rousseff prossegue esta semanano Sudeste e no Sul. Hoje, Dia do Professor, a candidata recebe apoio do sindicato da categoria em São Paulo, enquanto entidades de docentes categoria em vários estados realizarão eventos de apoio à reeleição.
Ontem Dilma recebeu um apoio de forte simbolismo: do cantor e compositor Chico Buarque, tradicionalmente ligado ao PT, mas que neste ano havia ficado no silêncio, apenas assinando o manifesto de artistas e intelectuais de apoio a Dilma. Chico postou um vídeo selfie de sete segundos, no qual declara seu voto: “Vou votar na Dilma. Dia 26 estamos lá. Até dia 26, Dilma”. O cantor também terá participação na propaganda gratuita de TV e Rádio.
Na propaganda gratuita no rádio, a música cantada ontem pela campanha petista foi uma paródia ao cancioneiro mineiro: “Oh, Minas Gerais, Oh, Minas Gerais, quem conhece Aécio não vota jamais”. Não à toa, antes de partir para o debate na TV Bandeirantes, no fim da noite, Dilma voltou a questionar os feitos de Aécio em Minas. “Vamos cotejar os dois governos. Vamos tentar entender porque ele não foi eleito em Minas”, declarou. “Ele vai ter que explicar como ele — com choque de gestão e tudo — produziu a segunda dívida maior entre todos os estados brasileiros. Vai ter que explicar porque fizeram um termo de ajustamento de gestão com o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Esse ajustamento diz respeito a investimentos em saúde e educação”.
Amanhã Dilma permanecerá em São Paulo, se preparando para mais um debate de TV, desta vez no SBT. Para sexta-feira, estão previstas caminhadas nos estados do Paraná e Santa Catarina, onde Aécio ganhou em primeiro turno. No sábado a caminhada será no Rio.