Por bruno.dutra
Rio - Para enfrentar a crise hídrica no Sistema Cantareira, os governos federal e de São Paulo anunciaram ontem restrições para a captação de água nos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia, que compõem parte da estrutura de abastecimento da região metropolitana de São Paulo. A medida vai afetar agricultores, pecuaristas e indústrias, além da população residente em 42 cidades de São Paulo e Minas Gerais. A captação de água para a cidade de São Paulo, porém, não será afetada. Ontem, os reservatórios do Cantareira iniciaram o dia com 5,4% de sua capacidade.
Segundo comunicado conjunto divulgado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (Daee), as restrições serão implementadas sempre que o volume útil dos reservatórios do Cantareira ficar abaixo dos 5%. Segundo as regras estabelecidas, a captação para uso humano ou dessedentação animal terá que ser reduzida em 20%. A captação para uso industrial e de irrigação, por sua vez, deve ter redução de 30%.
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Os três rios foram colocados em estado de alerta, o que significa que os usuários da água devem ficar atentos para possível mudança para estado de restrição, que passa a valer à 0h do dia seguinte ao registro de vazões inferiores aos limites estabelecidos. As vazões de referência, que definirão o início das restrições, serão coletadas às segundas e quintas. Usuários que captam volumes abaixo de 10 litros por segundo e que não têm medidores de vazão deverão suspender a captação em horários pré-definidos, em caso de estado de restrição.
De acordo com a ANA, as medidas foram negociadas “após uma série de consultas junto aos usuários de recursos hídricos nos trechos paulista e mineiro da bacia PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí)”, da qual fazem parte os rios com restrições. Com aproximadamente 7 milhões de habitantes, a região das bacias tem grande atividade industrial, com unidades de empresas como Belgo Mineira, Vicunha Têxtil, Ajinomoto e Kraft Foods. As águas da bacia atendem ainda a 50% do consumo da região metropolitana da capital paulista, por meio do Sistema Cantareira.
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A crise hídrica que afeta o abastecimento de São Paulo se agravou no ano passado e a demora na adoção de medidas restritivas é alvo de crítica de especialistas. Até o fim do período eleitoral, o governador Geraldo Alckmin, que disputava a reeleição, relutou em admitir a gravidade do problema. De acordo com dados do Sabesp, a região do Sistema Cantareira teve apenas 64,3 milímetros de chuva nos primeiros 20 dias de janeiro, quase metade da pior pluviometria já registrada para o primeiro mês do ano.
Falta de energia deixa 1,2 milhão sem água
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Ontem, a falta de energia elétrica provocou desabastecimento de água em diversas cidades do estado de São Paulo e em bairros da capital paulista. De acordo com a Sabesp, a queda no fornecimento ocorreu às 4h da manhã e afetou a operação de duas estações elevatórias: a Jardim São Luiz, que está com a energia restabelecida, e a João XXIII, que recebe eletricidade de forma irregular.
A paralisação da Elevatória João XXIII deixou sem água os municípios de Taboão da Serra, Embu, Itapecerica da Serra e parte de Cotia (cidades da Grande São Paulo), e ainda a região do Jardim Arpoador, na capital. Na região dos bairros Jardim São Luiz, Jardim Ângela, Parque Fernanda e Capão Redondo, na zona Sul da capital, o abastecimento foi prejudicado pela falta de energia na Estação Elevatória de Água Jardim São Luiz, que atende a 620 mil pessoas.
O fornecimento de energia, interrompido por volta das 4h, foi restabelecido às 10h. A previsão era que o abastecimento de água fosse normalizado até esta manhã.
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com ABr