Brasília - O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) demitiu cerca de 780 trabalhadores nos últimos oito meses, segundo dados do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindimetal-PE) que vem intermediando o processo de desligamentos do polo naval e do polo metalmecânico do estado. “As demissões começaram em agosto passado quando os pagamentos da Sete Brasil para o Atlântico Sul começaram a atrasar”, relembra Henrique Gomes, presidente do Sindicato, mencionando que a inadimplência da Sete Brasil exerceu um efeito dominó nas empresas fornecedoras do polo naval que também passaram a demitir. “As empresas da cadeia produtiva já realizaram 1,5 mil desligamentos. Elas também foram prejudicadas por atrasos nos pagamentos de empreiteiras responsáveis pela obra da Refinaria Abreu e Lima”, frisa.
O sindicalista reforça que o EAS chegou a ter cerca de 11 mil funcionários em 2011, chegando a um contingente formado por 5,6 mil trabalhadores no ano passado até atingir o total de 4,9 mil atuais. “Um dos problemas que enfrentamos hoje é a indefinição sobre o número de operários que ainda serão demitidos. O clima é de tensão entre os trabalhadores. Extraoficialmente, comenta-se que a empresa pretende realizar mais 1,5 mil desligamentos. Mas creio que o estaleiro não definiu ainda porque aguarda os desdobramentos da Lava Jato e o posicionamento da Petrobras”, diz, mencionando que recentemente a Transpetro emitiu uma nota confirmando a manutenção das encomendas de 22 navios com o EAS.
Por outro lado, segundo Gomes, o estaleiro Vard Promar, do grupo Fincantieri, também localizado no Porto de Suape, não está demitindo — pelo contrário, está contratando. “A imprensa noticiou que houve demissões e atrasos nos pagamentos de rescisões. Mas as demissões não foram do Promar, e sim de empresas terceirizadas que prestavam serviços ao estaleiro. O Promar, por sua vez, assumiu o pagamento dessas indenizações”, explica.
O EAS tem evitado dar entrevistas, mas publicou uma nota no dia 20 de fevereiro informando que encerrou os contratos com a Sete Brasil. “Tendo em vista a contínua inadimplência da Sete Brasil e a total incerteza em relação a sua capacidade de retomar os pagamentos e dar cumprimento aos contratos, o término dos contratos era necessário para que o EAS evitasse maiores prejuízos à companhia, seus parceiros e colaboradores. Esta decisão levou um consideração os sólidos fundamentos legais do EAS, bem como os aspectos financeiros e operacionais do contrato.”
De acordo com estimativas do mercado, o valor do contrato do EAS com a Sete Brasil gira em torno dos US$ 6 bilhões. As demissões ocorrem num contexto de desmobilização do Complexo Industrial e Portuário de Suape que contabiliza 42 mil demissões somente com o fim das obras da Refinaria Abreu e Lima.