Por douglas.nunes

O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira que o país precisa do ajuste fiscal para manter seu grau de investimento e, com isso, atrair investimentos internacionais porque há muita liquidez no mundo que pode ajudar o Brasil.

E apesar do cenário político adverso, com uma forte crise entre o governo e os aliados no Congresso, o ministro mostrou confiança na aprovação de medidas do ajuste que serão analisadas por deputados e senadores.

"Ajuste fiscal é mais ou menos que nem ir no dentista. Ninguém quer, mas tem que ir. De vez em quando, a gente tem que ir no dentista e tem que fazer o ajuste fiscal e nós precisamos fazer. Quanto mais rápido melhor para o país", disse o ministro a jornalistas no Palácio do Planalto, após participar de uma reunião com o núcleo político do governo com a presidente Dilma Rousseff.

"Estamos gastando 1/18 avos da verba de custeio do governo, não temos o Orçamento e estamos buscando austeridade fiscal", argumentou o ministro.

Segundo ele, o governo tem conversado com os aliados e "o que nós temos sentido é um grande disposição de contribuir para o ajuste fiscal."

Apesar da avaliação otimista do ministro, na semana passada o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu uma medida provisória editada dias antes pelo governo e que previa redução das desonerações tributárias para vários setores da economia. O peemedebista disse que o aumento de impostos não devia ser feito por medida provisória e que o governo teria que discutir o ajuste fiscal com o Congresso.

A rejeição da MP foi um sinal claro de que não será fácil para o governo aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso.

Mercadante afirmou, porém, que 80 por cento do ajuste "depende do governo e não depende do Congresso".

"Vinte por cento depende do Congresso, o Congresso nunca faltou ao país e acho que não faltará nesse momento", argumentou.

Questionado sobre as novas concessões que o governo pretende fazer para retomar os investimentos, o ministro voltou a dizer que a prioridade nesse momento é fazer o ajuste fiscal para manter o grau de investimento do país junto às agências de avaliação de risco.

"Primeiro é manter o grau de investimento. Se não mantivermos o grau de investimento, nós não atrairemos investimentos externos para o Brasil", argumentou.

"Uma característica da economia mundial hoje é de grande liquidez... Essa liquidez pode vir para o Brasil."

O ministro disse ainda que a alta do dólar era um movimento desejado pela indústria brasileira e que a moeda brasileira "esteve muito apreciada".

"No Brasil a indústria esperava isso. A nossa moeda esteve muito apreciada. O desequilíbrio nas contas externas tem relação direta com o câmbio", disse.

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