Por bruno.dutra

Rio - A presidenta Dilma Rousseff justificou ontem os ajustes que estão sendo feitos pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sob o argumento de que o governo esgotou todos os recursos para combater a crise econômica iniciada em 2009. Ela fazia referência à redução de crédito subsidiado e desonerações fiscais, políticas que marcaram seu primeiro mandato. Dilma ressaltou que tem “obsessão” em manter a baixa taxa de desemprego e o crescimento constante da economia.

“Continuamos combatendo para não trazer para o Brasil desemprego e baixa de crescimentos estruturais e permanentes. Estamos reajustando as nossas contas para prosseguir crescendo. E acreditamos que isso se dará nos próximos meses, chegando ao final do ano. Esses ajustes que estamos fazendo visam a fortalecer a nossa base, os nossos fundamentos econômicos. Melhorar as contas públicas permite que o governo melhore também seu desempenho”, afirmou a presidenta, que esteve no Rio de Janeiro para inaugurar a primeira etapa das obras de expansão do Porto do Futuro.

Após a cerimônia, da qual participaram Levy, o ministro da Secretaria dos Portos, Edinho Araújo, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB), além de empresários do setor portuário, Dilma anunciou, em entrevista com jornalistas, que o governo vai propor uma mudança na Lei do Supersimples, para que os micro e pequenos empresários não sejam prejudicados na passagem para o sistema de lucro presumido, que prevê outra tributação.

“Estamos pretendendo impedir o chamado abismo tributário. A pessoa está ali se esforçando e crescendo. Aí, ela sai do regime do Supersimples e cai no do Lucro Presumido, e isso tem um impacto imenso. Estamos pensando em construir uma rampa pela qual ela possa crescer, incorporando o crescimento sem ter de perder muito. O maior nível de emprego no Brasil hoje é dado pelas pequenas e microempresas”, disse Dilma, acrescentando que os microempreendedores, a pequena e a microempresa, além do microempreendedor individual, somam 10 milhões de empresas no Brasil. “Esse será um fator de garantia e de ampliação do crescimento e do emprego”.

Tanto em sua chegada quanto na saída do evento, Dilma foi abraçada e conversou com operários das obras do porto. Um deles, o motorista de veículos pesados Osvaldo de Lima Jorge, de 53 anos, fez uma oração para a presidenta. “Ele fez uma oração espontânea para todos nós pedindo que fossemos abençoados por Jesus Cristo e por Deus”, comentou a presidenta com os jornalistas.

Perguntada se apoiava as manifestações que estão programadas para o próximo domingo em algumas capitais do país, Dilma disse que responderia o que sempre responde quando pedem sua opinião sobre o assunto. “Sou de uma época em que a gente não podia se manifestar. Quando a gente se manifestava, a gente ia preso. Aí, depois disso, depois de prender quem manifestava, prenderam quem não estava só estudando, quem estava fazendo qualquer declaração. O Brasil se fechou e era ditatorial. Manifestação no Brasil, temos de olhar com absoluta tranquilidade, todas as pessoas têm o direito de se manifestar, de criticar quem quer que seja. Só tem uma coisa que nenhum de nós pode aceitar: é que isso se transforme em violência contra pessoas ou contra patrimônio de quem quer que seja, ou público e privado”, disse ela.

Bem-humorada, a presidenta encerrou a coletiva de imprensa dizendo que não opinaria sobre a participação ou não de partidos da oposição por trás da organização das manifestações: “Isso quem tem que descobrir é a imprensa investigativa do Brasil”.

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