Por bruno.dutra

Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, é um dos principais nomes da esquerda brasileira. Amigo e compadre de Lula, Betto participou dos dois primeiros anos petistas no Planalto e saiu disparando críticas, relatadas nos livros “Mosca Azul” e “Calendário do Poder”, duas das 60 obras publicadas pelo teólogo dominicano. Também foi o principal articulador da aproximação da Igreja Católica com o regime de Fidel Castro, em Cuba. Ainda hoje, é próximo do líder cubano. Nesta entrevista, Betto mostrou-se descontente com o distanciamento do PT em relação aos movimentos sociais, “transformados muito mais em representantes do governo junto às bases do que representantes de suas bases junto ao governo”. Diz que fica indignado quando vê, nas eleições, pessoas pagas para segurar cartazes de propaganda do PT: “Isso é um sinal de que o partido, infelizmente, se descolou de suas bases populares”. Nesse contexto, prevendo a ruptura com o PMDB em 2018, acredita que a continuidade do projeto petista está ameaçada. “Pela primeira vez, a candidatura Lula não é garantia de eleição”.

O sr. está descontente com o governo. Por quê?

Sempre mantive uma visão crítica de qualquer governo, inclusive de Lula e Dilma, nos quais votei nas últimas eleições. Quem leu meus livros sabe o quanto eu esperava um rumo que o governo não abraçou. Continuo pensando que este governo é um mal menor. Prefiro Dilma a um Aécio (Neves), por exemplo. Mas é um governo que decepciona quanto às expectativas que foram criadas desde a fundação do PT, em 1980. Desta vez, eu esperava apenas que a presidente Dilma fosse coerente com as promessas de campanha. Eu, Leonardo Boff e outros companheiros e companheiras da Teologia da Libertação tivemos um encontro de pouco mais de uma hora com ela no Planalto após a eleição. Apresentamos um documento de críticas e reivindicações que ela recebeu muito bem. Por isso, não esperava que ela fosse adotar uma política econômica muito mais adequada ao que seria um governo do PSDB, ou que fosse nomear uma Kátia Abreu para a Agricultura.

Quais as principais mudanças no governo dela?

Durante esses últimos anos houve uma política neodesenvolvimentista, eu diria até um capitalismo populista, que favoreceu as camadas mais pobres da população, tirando 36 milhões de pessoas da miséria. Mas não se criou uma política de sustentabilidade dessa política. Em 12 anos de governo, o PT não fez nenhuma das reformas que prometia em seus documentos originários, nem a agrária, nem a tributária e nem a política. Agora, chegou a hora de pagar a conta, porque o buraco existe. E, para isso, se adotou uma política econômica que penaliza os mais pobres. E não há nenhuma dessas propostas do Joaquim Levy que penalize os mais ricos.

Em que sentido?

Ainda hoje, nosso sistema tributário se baseia mais no consumo do que na produção. Penaliza o consumidor, e não o capital. Ainda tivemos uma vulnerabilização dos direitos conquistados pelos mais pobres, com cortes no seguro desemprego e nas pensões. Não houve redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, que evitaria a volta do desemprego, e não acabaram com o fator previdenciário. Não há uma decisão quanto à tributação de heranças, dos royalties, da transferência de grandes fortunas. É preciso que a pressão social e institucional se fortaleça. Governo é como feijão, só funciona na panela de pressão.

A pressão de hoje é desqualificada pelo governo, atribuída a uma classe média mais abastada. O sr. concorda?

De jeito nenhum. Considero as duas manifestações extremamente positivas como exercício da democracia e expressão da cidadania. Mas acho que houve um equívoco da parte dos que apoiam o governo em convocar para a sexta-feira 13, um dia de trabalho, em que as pessoas estão ocupadas e as ruas estão lotadas de veículos. Os opositores convocaram inteligentemente para um domingo em que as ruas estão livres, e as pessoas folgadas para sair de casa para se manifestar. 

O sr. fala muito sobre o descolamento do PT de suas bases originais...

O PT chegou à Presidência por força dos movimentos sociais. E, ao chegar, abandonou os movimentos, não assegurou a governabilidade por meio deles. Preferiu a via do mercado e do Congresso, com as alianças partidárias, muitas delas espúrias. Isso levou o PT a trocar um projeto de Brasil, que implicava em reformas estruturais, por um projeto de poder. Manter-se no poder se tornou mais importante do que mudar a feição estrutural deste país injusto e desigual, embora as políticas tenham diminuído o sofrimento dos mais pobres. Hoje, tenho muita dificuldade em ver uma recuperação do PT. Minha previsão é de que o PMDB não apoiará o PT em 2018, e não duvido que faça aliança com o PSB para sair com candidato próprio. Pela primeira vez a candidatura Lula, que sem dúvida virá, não é garantia de eleição.

Mas pelo carisma e influência que tem no PT, Lula é um candidato forte...

Sim, visto de hoje ele é mesmo um candidato muito forte, o mais forte que existe. Mas nós estamos começando um processo de quatro anos. Serão quatro anos de turbulência, muitas mobilizações, greves, reivindicações para um governo que perdeu o rumo, que tem políticas pontuais, mas não tem estratégia. A cada manifestação, o governo diz que vai atender a isso ou aquilo. Não se pode governar um país da grandeza do Brasil na base de concessões pontuais. É preciso ter uma estratégia. Mas com a aliança partidária e o cerco que o Legislativo montou com Eduardo Cunha e Renan Calheiros, fazendo o Executivo sangrar literalmente, duvido muito que o PT consiga retomar a aliança consolidada que lhe permitia vitórias no parlamento. Mais do que nunca, o partido precisa se voltar para os movimentos sociais.

É viável governar só com os movimentos sociais?

O que garante a governabilidade de qualquer poder em qualquer parte do mundo é o apoio popular. Mas o PT perdeu esse vínculo com as bases populares. Fico indignado quando, nas eleições, vejo pessoas desocupadas, em geral jovens, que são pagos para segurar cartazes de propaganda do PT nas esquinas, quando antigamente havia toda uma multidão de militantes voluntários que passava as noites fazendo propaganda para o partido. Hoje, os poucos movimentos sociais totalmente alinhados, como a UNE e a CUT, foram transformados mais em representantes do governo junto às bases, do que representantes de suas bases junto ao governo, como é o correto. Temos um governo que é resultado desses movimentos, mas que não crê que é possível governabilidade com seu apoio.

Documento vazado do Planalto diz que a militância petista se sente acuada pela corrupção e desmotivada porque não compreende a nomeação de Joaquim Levy...

Está corretíssimo. Por um lado, o PT fala que é expressão do MST e do MTST, mas, por outro, adota uma política conservadora. Quem assistiu ao filme “Adeus, Lenin” poderia fazer uma comparação. Se algum petista tivesse entrado em coma em agosto de 2014, despertasse agora e visse o noticiário, estaria convencido de que Aécio venceu a eleição.

No cenário atual, é possível dar a guinada que o sr. propõe?

Se o Executivo ousasse ser fiel aos programas originários do PT e adotasse uma política de reforço do mercado interno, com auditoria da dívida pública, que hoje consome 40% do orçamento da União, se ousasse dar essa volta por cima, conseguiria mobilizar aqueles que sempre o elegeram, em quatro mandatos. Mas isso seria quase um milagre.

Por quê?

Quando vejo no noticiário que o PT ainda busca fortalecer sua aliança com o PMDB, duvido muito que se levante pela governabilidade via movimentos sociais. Isso deveria ter começado em 2003, 2004. Perdeu-se a oportunidade, os movimentos sociais foram escanteados; se queixam de não serem ouvidos, a não ser em momentos de eleição. Fico indignado quando o governo federal adota o lema “Brasil, Pátria Educadora” e no dia seguinte corta R$ 14 bilhões do orçamento do Ministério da Educação.

O mesmo documento diz que é difícil fazer o eleitor acreditar que a inflação está sob controle quando ele vê o preço da gasolina subir 20%, e a conta de luz, 33%.

Um dos equívocos do governo foi facilitar o acesso do povo aos bens pessoais, e não aos bens sociais, ao contrário do que a Europa fez no início do século 20. Você vai a um barraco de favela e lá tem TV, geladeira, talvez um computador e até um carro pago em 90 prestações. Mas a família continua no barraco sem saneamento. O brasileiro teve acesso aos bens sociais, mas não teve acesso a educação, saneamento, moradia e segurança. Essa foi a cobrança de 2013.

Qual a diferença para os protestos atuais?

Uma das características preocupantes, tanto dos movimentos de 2013 e 2014, quanto de agora, é que eles são de protesto, e não de propostas. Isso cria um caldo de cultura favorável ao neofascismo, para que se espere um salvador da pátria. Nem a esquerda, nem a direita tem propostas. O governo não tem estratégia, o governo tem medidas pontuais, como essa agora de combater a corrupção. Mas por que o PT não se posiciona em relação ao mensalão e à Petrobras? Ficam em cima do muro, esperando que a Justiça decida. As pessoas não são bobas, tem uma hora que começam a pensar: “Bom, se não tomam uma posição...”. Acaba fazendo com que os militantes, aqueles que são íntegros, sejam confundidos com os responsáveis pelas suspeitas de corrupção.

O sr. falou na possibilidade de surgir um “salvador da pátria”. Há um clima golpista?

Não. De jeito nenhum. Primeiro, por uma razão subjetiva: as Forças Armadas estão desmoralizadas. Elas mesmas não têm mais interesse em uma intervenção política no país. O desgaste dos 21 anos de ditadura foi muito grande para os militares. Segundo, os Estados Unidos custaram, mas aprenderam que golpes na América Latina desgastam muito o discurso democrático com o qual tentam convencer o mundo inteiro. Eu até digo que o único país das Américas onde não teve golpe foi os EUA, porque, lá, não tem embaixada americana. Nos demais, todos tiveram, em algum momento, um golpe militar patrocinado pelos EUA. Não creio que haja qualquer clima de golpismo, intervenção militar, nada disso. Nem de impeachment. Porque qual é a alternativa? O PMDB com o Michel Temer na presidência? Não é isso que as pessoas querem.

Mas por que se fala tanto disso?

Inconscientemente, as pessoas estão em busca de um projeto político. Nem a situação, nem a oposição apresentam esse projeto. Como estamos em um momento de carência ideológica, de grandes narrativas, de referências históricas, a discussão baixou do racional para o emocional. Quando você perde a visão da floresta, fica discutindo a cor da casca da árvore. E não adianta querer resolver a questão por essa discussão, é preciso ver o conjunto da floresta. Por isso, as pessoas falam em ódio, em disputas familiares por discordância política. As pessoas não estão tendo a serenidade de uma visão a médio e longo prazo. Está tudo no pontual, e, assim não vamos a lugar nenhum.

A presidenta insiste em programas anticorrupção e na necessidade da reforma política. Isso resolve?

Teve 12 anos para isso e não fez. Agora, quem garante que, com este Congresso, a reforma política vai, realmente, moralizar um pouco a política brasileira, democratizar mais o país e assegurar uma série de determinações constitucionais que não foram regulamentadas como deviam?

O fim do financiamento empresarial de campanha satisfaria, em parte, a demanda da opinião pública?

Seria uma medida importante, mas é pontual. Mesmo que se acabe com isso, e acho muito importante que se faça, o caixa 2 vai continuar. Não há como evitar que isso ocorra. Não creio em ética do político, creio em ética na política. É preciso criar uma institucionalidade política que iniba o representante de corromper ou ser corrompido.

O que seria isso exatamente?

Não se cria uma moralidade que faça com que o empreiteiro perca a ânsia de corromper. Agora, quando você tem um juiz Sérgio Moro, uma Justiça que atua com eficiência e transparência, isso cria uma inibição. A mãe da corrupção é a impunidade. Costumo dizer que o ser humano tem dois problemas insolúveis: defeito de fabricação, que a Bíblia chama de pecado original, e prazo de validade.

Se o senhor assessorasse a Dilma, como fez com o Lula,  o que aconselharia?

Eu repetiria o que disse a ela no dia 26 de novembro: para convocar os movimentos sociais e formadores de opinião que apoiam o governo para criar um conselho permanente de avaliação crítica do governo e de suas propostas. Reunindo, principalmente, as lideranças dos movimentos sociais. Lula tentou isso em 2003, com o chamado Conselhão, que acabou sendo engolido pelo empresariado e pelos banqueiros, a ponto de os líderes de movimentos populares e sindicais se sentirem incomodados ali dentro. Eles se afastaram e o Conselhão se esvaziou. Dilma precisa buscar sua legitimidade com os movimentos sociais. Foi o que Evo Morales fez na Bolívia. Ele não tinha apoio do Congresso. Em vez de fazer alianças espúrias, buscou apoio dos movimentos sociais, que conseguiram destacar lideranças eleitas para o Congresso. Hoje, ele tem apoio da base popular e do Congresso da Bolívia.

Ela não perderia o apoio de partidos da base se fizesse isso?

Certamente. Mas ganharia o mais importante, que é o apoio popular. É preciso ter coragem.

Uma derrota em 2018 poderia fortalecer a mobilização dos movimentos sociais, na oposição?

Seria trágica uma volta para a oposição. Voltaríamos a uma política que aprofunda a desigualdade social, que enxerga o investimento social como um gasto a ser contido. Voltaríamos à total valorização dos rentistas e do capital especulativo, a uma visão que reforça o desmatamento e a expansão do latifúndio. Não quero isso para o Brasil.

Mas o governo manteve essas práticas. O que mudou?

Este governo fez coisas boas, como a soberania nacional, o distanciamento das nações metropolitanas. Fora D. Pedro II, nenhum governante do país tinha pisado no mundo árabe. Lula foi o primeiro. Essa independência conquistada pelo PT tem que ser preservada. Nisso, a diplomacia brasileira é exemplar. Hoje, é respeitada no mundo por sua autonomia. Não é subserviente a nenhum esquema de aliança que os EUA propõem, como a Alca, que, felizmente, fracassou.

As lideranças do PT estão envelhecidas. Um retorno às bases não passa por uma renovação dos quadros?

Isso é importante. Paradoxalmente, nestes 12 anos, o PT despolitizou a nação, quando era um partido do qual se esperava um amplo trabalho de politização, principalmente das bases populares e dos mais jovens. Uma série de políticas sociais foram colocadas em prática, mas sem o complemento de trazer uma educação política para os beneficiários dos programas. Com isso, hoje, nós temos uma nação e um partido sem lideranças. As lideranças do PT se queimaram politicamente e o partido não tem novos quadros porque não fez o dever de casa de reproduzir suas bases, como havia nos anos 80 e 90. Quando você ia à periferia de São Paulo, encontrava, em todos os bairros, um núcleo do partido e pessoas orgulhosas disso. Tudo isso desapareceu. O partido ficou de salto alto, e muitos desses líderes populares, por meio de suas carreiras políticas, descolaram-se da base popular. Mudaram de classe social, com casa na praia, sítio, fazenda etc. São raros os que ainda vão para a periferia no fim de semana para fazer política, como o Paulo Teixeira, o Molon e o Vicentinho.

Há espaço para um novo partido de esquerda?

Hoje, o Psol desponta como um novo partido, também com suas limitações e dificuldades. Mas não vejo necessidade ou condições para se criar outra legenda.

O ambiente pode ficar favorável para a direita em 2018?

Sem dúvida. Ainda mais considerando que as pessoas sabem contra o que querem protestar, mas não o que querem propor. Nem a direita, nem a esquerda, nem a oposição, nem a situação têm visão estratégica de qual é o projeto necessário ao Brasil.

O sr. conversou recentemente sobre essas preocupações com Fidel Castro no seu último encontro, em Cuba?

Sim. Quando ele me pergunta sobre a situação do Brasil, eu a externo, como faço nos artigos que escrevo. Tanto ele quanto o irmão Raúl são muito árduos na diplomacia. Ele escuta e anota, mas não se posiciona, não quer correr o risco de eu ou outra pessoa sairmos dizendo se ele concorda ou discorda. Não quer interferir. Mas continua mostrando um interesse grande por nossa realidade. Até porque, hoje, o Brasil é o terceiro ou quarto parceiro de Cuba. O primeiro é a China, o segundo a Venezuela, e o terceiro lugar fica entre Brasil e Rússia.

Fidel está bem de saúde?

Muito bem. Como ele disse, “para o azar dos meus inimigos, eu continuo vivo”. Está magrinho, mas com a mesma lucidez de quando o conheci, em 1980. Muito interessado em toda a conjuntura mundial. E anotando tudo o que a gente fala, como um bom aluno jesuíta. Sempre que você o vê numa foto, tem um bloco e uma caneta na frente.

Desta vez a aproximação com os EUA vai marchar mesmo?

Vai, porque a questão do bloqueio não deu certo, como o próprio Obama declarou, no dia 17 de dezembro. Obama reconheceu o fracasso e os cubanos, inteligentemente, não quiseram tripudiar em cima dessa frase. Eu diria que é uma equivalência, em termos virtuais, da derrota imposta pelos vietnamitas na Guerra do Vietnã. Após 53 anos de bloqueio, o presidente dos EUA veio reconhecer, em público, que não funcionou. O país resistiu, sobreviveu, a duras penas, e agora os EUA têm de mudar em relação a isso.

O sr. acha que o Brasil tem forças para sair da crise?

Acho que sim, porque o país é muito criativo. O Brasil sempre passa por muitas crises e consegue dar a volta por cima. Não sei dizer, hoje, quando e como, mas creio que sim. É um fôlego muito grande, imagina-se que o PIB real deste país, que hoje beira os R$ 4 trilhões, tenha sua equivalência no PIB paralelo. É um país muito forte. Agora, isso vai ter um custo social muito grande, por essa questão da volta da inflação, do aumento do dólar, da China reduzindo as importações do Brasil, outro erro que se cometeu nesses anos. Como no Império, somos um país que depende de suas exportações agrícolas. Isso também é uma falha muito grande. Pedro Vaz de Caminha dizia que, aqui, “se plantando, dá”, mas mesmo não se plantando, dá. Porque onde a produção não é cultivável, é extratível, como na Amazônia. Então, não se justifica o Brasil ter qualquer dependência do mercado externo.

Mas o governo tem que ajudar...

Exatamente, o que está faltando é isso. Quando Deus criou a América Latina, os anjos se queixaram, porque havia um país com dimensões continentais. Eles até propuseram, no sindicato angélico, que fosse retalhado em vários pequenos países, proporcionais aos demais. Mas Javé disse a eles: “Esperem só para ver que tipo de políticos aquela gente vai eleger”. Porque, fora isso, a gente vive em um paraíso.

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