Por diana.dantas

Para fomentar a criação local de itens realmente relevantes para os clientes da DuPont, a americana apostou em um modelo colaborativo, em que clientes vão até o Centro de Inovação Brasil (CIB) da companhia, em Paulínia (SP), e compartilham seus desafios. A partir disso, uma equipe de cientistas de diversas áreas busca soluções. O processo replica um modelo já utilizado pela empresa em outros países do mundo.

Criado há três anos, dentro da estrutura do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, a iniciativa está alinhada aos três mercados estratégicos da companhia — alimentos, energia e proteção. E já rendeu 91 projetos para novas aplicações, sendo que, destes, 12 já são comerciais.

Juntos, diz a empresa, os projetos podem adicionar US$ 210 milhões ao faturamento da companhia nos próximos quatro anos. As aplicações desenvolvidas no CIB e que já estão disponíveis no mercado vão somar US$ 25 milhões ao faturamento da DuPont Brasil até o fim de 2015.

Entre os destaques das inovações desenvolvidas no Brasil está um cárter (recipiente de armazenamento do óleo do motor do carro) feito a partir de um composto polimérico, que substitui o alumínio. Mais leve, é indicado para veículos leves, e mantém as mesmas propriedades mecânicas dos equipamentos utilizados. Segundo a DuPont, o modelo, criado em parceria com uma empresa do mercado automotivo que não pode ser revelada por acordos de confidencialidade, deve estar disponível no mercado já no fim de 2016.

“O contato com pesquisadores da Europa e do Japão permitiu chegarmos ao produto final — mais resistente e sustentável e que reduz o consumo de combustível”, destaca a líder do CIB, Denise Pereira. Além do incentivo para a colaboração dos próprios clientes, o CIB permite a integração com os demais centros de inovação da companhia, o que significa uma rede com mais de 10 mil cientistas.

“O Centro de Inovação recebe funcionários da DuPont de várias áreas. Essa multidisciplinaridade é muito importante para a inovação. Os colaboradores não são do centro, ele é usado como ferramenta”, explica Denise. “Em cada ‘Sessão de Inovação’, que dura um dia, o cliente interage com os pesquisadores para a geração de ideias que atendam às suas demandas. Trazemos pesquisadores de acordo com às áreas de necessidade”, completa. Já passaram pelo espaço mais de 6 mil pessoas de 788 organizações, em três anos.

Globalmente, a DuPont possui outros 12 centros de inovação dedicados a atividades de colaboração com parceiros da cadeia: Cidade do México (México), Johnston (EUA), Troy (EUA), Moscou (Rússia), Meyrin (Suíça), Istambul (Turquia), Hsinchu (Taiwan), Bangkok (Tailândia), Pune (Índia), Nagoya (Japão), Seul (Coreia do Sul) e Xangai (China). O Brasil foi a terceira unidade inaugurada e figura entre as mais importantes da empresa globalmente.

Ali, a DuPont também vem trabalhando em uma tecnologia enzimática para a produção de etanol a partir do milho adaptada à realidade brasileira. No país, as tecnologias são muito aplicadas à produção desse combustível a partir de cana-de-açúcar.

Tendo como ponto de partida uma tecnologia concebida em 2013 por pesquisadores da Califórnia (EUA) e patenteada pela empresa, a DuPont Brasil trabalhou ativamente com pesquisadores brasileiros e americanos na adaptação dessa solução às necessidades dos produtores brasileiros.

O trabalho surgiu de uma “Sessão de Inovação” e permitiu a identificação das principais necessidades para produzir o etanol a partir do milho usando a mesma estrutura projetada para a cana-de-açúcar. A solução encontrada integra a cana-de-açúcar ao milho de forma eficiente, reduzindo custos de investimento e operacionais para as usinas, que eventualmente tem sobra energética e capacidade ociosa dos equipamentos.

Além disso, o mercado de alimentos, que engloba soluções para agricultura e para o mercado de ingredientes, está entre os mais importantes para a DuPont Brasil, representando mais de 50% de seu faturamento. As oportunidades de negócios levam ao desenvolvimento de inovações que melhoram a produtividade e a qualidade nutricional dos alimentos.

Entre os projetos em curso, um dos destaques é o uso de materiais de alta performance para transporte de frutas e hortaliças e, consequente, extensão da vida útil dos produtos; pesquisas avançadas para a redução do teor de açúcar, sódio e gordura nos alimentos; bem como projetos para o desenvolvimento de defensivos agrícolas e sementes cada vez mais alinhados às necessidades do agricultor brasileiro.

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