Por monica.lima

São Paulo - Depois da realização da Copa do Mundo, algumas arenas administradas em regime de Parceria Público-Privadas (PPPs) começam a apresentar problemas. O caso mais recente é o da Arena Pernambuco, mantida pela Odebrecht Participações, cujo contrato pode ser reincidido pelo governo pernambucano. Com dois anos de operação, o empreendimento encerrou com prejuízo de R$ 29,7 milhões em 2013 e de R$ 24,4 milhões em 2014, sobrecarregando o Tesouro do estado que, por imposição contratual, precisa cobrir o déficit de caixa da Arena, caso ela não atinja o faturamento anual de R$ 110 milhões.

“A Fundação Getúlio Vargas vai estudar o atual contrato com a Arena e ver como é que a gente pode reduzir custo e aumentar receita. E ver qual é o melhor caminho para o estado se posicionar diante desse contrato. Inclusive com a hipótese de rescisão, se esse for o caminho mais barato para o erário de Pernambuco”, afirmou Raul Henry, vice-governador de Pernambuco, em recente entrevista à imprensa pernambucana.

“O contrato de PPP da Arena Pernambuco previa a realização de 60 jogos dos três principais times do estado, visando garantir a taxa de ocupação do empreendimento. Contudo, o Sport Clube e o Santa Cruz frustraram, realizando jogos nos seus próprios estádios. Apenas o Náutico se manteve na Arena”, afirma Guilherme Naves, sócio da consultoria Radar PPP. Segundo ele, o governo de Pernambuco tem adotado medidas com o objetivo de aumentar a média de público na Arena, inclusive trocando notas fiscais de compras por ingressos nas partidas de futebol. Mas mesmo o Náutico vem se queixando da média de público que tem registrado nos jogos da Arena Pernambuco, o que levou o clube a negociar seu contrato com o consórcio gestor. Em nota à imprensa, o Consórcio Arena Pernambuco atribui o mau desempenho financeiro a problemas de mobilidade urbana, sobretudo à obra incompleta da Radial da Copa, e aos horários de realização dos jogos, a partir das 22h, com exibição na TV.

De acordo com Guilherme Naves, das 12 cidades sede, apenas cinco lançaram mão de PPPs para fazer a gestão das arenas de futebol da Copa do Mundo. Além da Arena Pernambuco, foram formados consórcios para administrar a Arena das Dunas (RN), o Mineirão (MG), o Castelão (CE) e a Arena Fonte Nova (BA). “Todas foram concessões administrativas em que os governos pagam pela operação dos estádios reformados ou construídos pela iniciativa privada. Cada um tem um modelo de aferição de eficiência de resultado”, conta.

Foi contestando a eficiência do antigo consórcio da Arena Castelão, formado por Galvão Engenharia, Serveg e BWA, que o governo do Ceará rompeu contrato. Em nota, alegou a “existência de deficiências graves na organização da concessionária, afetando o regular desenvolvimento das atividades abrangidas pela concessão, causando inclusive risco à segurança de pessoas e bens”. Atualmente o empreendimento é gerido pelo governo cearense. Já as Arenas das Dunas e da Fonte Nova estão senso colocadas à venda pela empreiteira OAS. Investigada na Operação Lava Jato, a empreiteira , que detém 100% do estádio de Natal e 50% em Salvador, está em processo de liquidação.

Apesar dos atropelos, Naves considera que as obras das arenas realizadas por PPPs tiveram resultados mais positivos do que aquelas construídas com recursos públicos. “A Arena Pantanal foi interditada e apresentou problemas construtivos sérios, enquanto o Mané Garrincha e a Arena Amazonas tiveram diversos aditivos em seus orçamentos. Isso sem mencionar que as obras tocadas em regime de PPPs foram concluídas com mais celeridade”.

Para o consultor, os consórcios das arenas enfrentam grandes desafios para torná-las rentáveis. “Falta expertise em marketing esportivo nesses empreendimentos, já que todos os consórcios são encabeçados por empreiteiras. É necessário oferecer um mix de serviços para atrair público para as arenas”, diz.

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