Por monica.lima

Um projeto da iniciativa privada em estudo com a Prefeitura do Rio de Janeiro pretende criar uma rota hidroviária para transportar os moradores dos condomínios da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, em balsas até a futura estação do Metrô no bairro, prevista para inaugurar em junho de 2016 com a Linha 4.

Coração dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 , a Barra acomodará 15 instalações onde serão realizadas competições de 23 modalidades esportivas.

A ideia seria uma alternativa para melhorar a mobilidade no bairro, que deverá ter o maior crescimento populacional da década no município. Segundo a empresa Ecobalsas, autora da proposta, o projeto esbarra na falta de compromisso do governo do estado para dragar e despoluir a Lagoa da Tijuca e o Canal de Marapendi. Junto com a Lagoa de Marapendi, eles serviriam de caminho até a estação do metrô, mas, não possuem condições favoráveis à navegação.

De acordo com um dos sócios, Ricardo Herdy, a frota de 16 embarcações, que atendem atualmente a 36 condomínios e transportam os moradores em sete rotas na Barra, tem capacidade para carregar até 4.296 pessoas por dia, cerca de 128.880 por mês. Hoje, os principais destinos dos clientes são a praia, shoppings, comércio e centros médicos.

“Todos os empreendimentos que estão a um raio de 6 quilômetros do Metrô poderiam ser atendidos, o que abrange desde a área do condomínio Novo Leblon, próximo à Alvorada, até o Jardim Oceânico. O tempo de viagem seria de 25 a 30 minutos (no transporte convencional, chega a 1 hora nos horários de rush)”, diz Herdy. Cada balsa poderia tirar de 20 a 140 carros das ruas.

Ele avalia que o custo para se locomover nas embarcações seja pelo menos três vezes menor do que o uso de ônibus.

A prefeitura estima que a Barra, que saltou dos 154.608 habitantes em 2000 para 300.823 em 2010, poderá atingir a marca de 433.586 moradores até 2020, o que tornaria a região o terceiro bairro mais populoso da cidade.

O Observatório da Mobilidade tentou entrevistar o secretário estadual de Ambiente, André Corrêa, mas o órgão limitou-se a enviar uma nota. Apesar de dizer que “vê com bons olhos qualquer alternativa que possibilite melhoria no tráfego do Rio de Janeiro”, a pasta não deu previsão de quando as lagoas serão recuperadas. “O transporte no sistema lagunar precisa passar por processo de licenciamento ambiental que vai avaliar tecnicamente a possibilidade ou não do deslocamento aquaviário na região”, informou.

Especialista aponta várias vantagens na alternativa

O engenheiro de Transportes e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Alexandre Rojas acredita que a ideia seria capaz de melhorar as condições de tráfego na Barra da Tijuca. Ele ressalta que o percurso planejado para a passagem das ecobalsas geraria não só um ganho de tempo considerável para motoristas e passageiros de ônibus, como ajudaria a equilibrar a demanda de outros modais.

“Embora a Prefeitura deva inaugurar em breve a extensão do BRT Transoeste, entre a Alvorada e o Jardim Oceânico, a intermodalidade é sempre interessante para dar opções diversificadas de transporte. Até porque quando um não funcionar por algum motivo, tem o outro”, diz o especialista.

O biólogo Mário Moscatelli, que há anos acompanha o sufoco do sistema lagunar da Zona Oeste do Rio, alerta que a ocupação desordenada da bacia hidrogáfica é a responsável pelo assoreamento. “Desmatou-se o que podia e o que não podia, e aí tem chegada de sedimento brutal no sistema lagunar, como lixo e esgoto. Quando o estado começou a fazer a dragagem de uma das lagoas da região (de Camorim), em junho do ano passado, o Ministério Público questionou a natureza técnica do projeto e a obra foi embargada. Só não acho adequado continuar transformando as lagoas em latrinas”. Procurado, o Ministério Público do Rio não respondeu até o fechamento desta edição.

A Linha 4 do Metrô vai transportar mais de 300 mil pessoas por dia entre Ipanema, na Zona Sul, e a Barra, retirando cerca de 2 mil veículos por hora no pico.

Você pode gostar