Por monica.lima

Rio - As férias de inverno devem ser mais econômicas para os consumidores que pretendem viajar de avião este ano. O esperado aumento sazonal de junho e julho nas passagens aéreas deve vir menor do que o de anos anteriores. A contratação na demanda em 2015 é uma das respostas para a desaceleração nos preços. No acumulado de janeiro a maio, as tarifas já registram retração de 47,91%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos últimos cinco anos, esta é a maior perda de fôlego na inflação do setor, segundo a série histórica do IBGE. No ano passado, os preços das passagens registraram queda acumulada de janeiro a maio de 34,6%, enquanto em 2013 a redução havia sido de 30,6%. Comportamento parecido foi observado também em 2010, quando o IPCA das tarifas aéreas registrou retração de 21% nos cinco primeiros meses do ano.

Economista da RC Consultores, Marcel Caparoz avalia que, embora sazonalmente haja um aumento nos preços no meio do ano, 2015 já aponta para uma tendência diferenciada, com a desaceleração da demanda acirrando ainda mais a competição entre as companhias, o que abre brecha para mais promoções.

“Com a economia mais fraca, o potencial de negócios diminui e as empresas cortam em viagens corporativas. Além disso, as novas tecnologias contribuem para esse ajuste no caixa. E os cinco primeiros meses deste ano revelam essa clara redução na demanda por viagens corporativas, por meio da forte redução nos preços das passagens”, afirma Caparoz.

Outro ponto a ser considerado é a contenção de repasses de aumento de custos aos consumidores, com o dólar na casa dos R$ 3,10. “Como o dólar valorizou, aumentaram os custos e os encargos financeiros das companhias aéreas, num momento de dificuldade de demanda corporativa. A tendência é a de que não haja repasses para não afugentar, também, os consumidores de pacotes turísticos, mais cautelosos com despesas extras”, acrescenta Caparoz.

Com exceção do ano passado, influenciado pelo aumento da demanda com a Copa do Mundo, o comportamento da inflação nos meses de maio é de retração, seguida de fortes altas em junho e expansão moderada em julho, período de férias escolares. Em 2014, o IPCA de junho das passagens chegou a 21,45% seguido de retração de 26,86% em julho, mês em que o Mundial de futebol terminou.
Já em 2013, o movimento foi de forte alta de 6,71% em junho, seguido de perda de fôlego, com o IPCA marcando crescimento de 0,17%. Em 2010, a inflação chegou a alta de 12,57% em junho, desacelerando para alta de 9,15% em julho. Para 2015, a aposta é a de que as passagens tenham um aumento moderado em junho, com um percentual abaixo dos 1%. Mas Marcel Caparoz não descarta ainda a manutenção da queda nos preços, que, porém, deve ser menos intensa do que a registrada em maio, quando o IPCA das passagens caiu 23,37%.

“O comportamento da inflação em anos anteriores nos faz projetar que as passagens podem não ser um vilão para o IPCA geral de junho. Embora sazonalmente haja essa contribuição positiva nos meses de junho, a tendência é que o IPCA do item pressione menos ou fique negativo”, diz Caparoz.
Apesar de ser um item de peso muito baixo no indicador geral do IPCA — em torno de 0,5% — as passagens apareceram bastante na inflação do ano passado, com picos de alta nos meses de junho (21,95%), setembro (17,85%) e em dezembro, com expansão de 42,53%. Para o economista do Itaú Unibanco Elson Teles, as passagens têm ainda potencial para mexer com a inflação em junho, assim como os jogos lotéricos — com expansão de 12,76% em maio — e os reajustes de água e esgoto previstos para acontecerem em São Paulo.

“Em maio, o IBGE captou parte do aumento concedido aos jogos lotéricos, mas o impacto maior se dará no mês de junho e vai contribuir para pressionar a inflação. Além das passagens, que apesar de já acumularem queda de quase 48% no ano, devem registrar uma alta em junho e julho”, afirma o economista.

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