São Paulo - A Câmara Municipal de São Paulo pretende contratar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para elaborar um estudo sobre os custos e o impacto para a cidade da demolição do Minhocão, via suspensa que liga a Região Central à Zona Oeste, passando por cima da Rua Amaral Gurgel e das Avenidas São João e General Olímpio da Silveira. A obra é vista como causadora da deterioração urbanística dessa região. A desativação gradual do elevado — construído no final dos anos 1960, na gestão do prefeito biônico Paulo Maluf, para o trânsito de veículos motorizados — está prevista no Plano Diretor e deve ser feita de forma gradual. A discussão agora é se ele deve ir abaixo, ou se transformar em um parque linear, no mesmo padrão que a High Line, em Nova York.
A proposta de contratação do IPT partiu do vereador Police Neto (PSD) e já teve o aval do presidente do legislativo municipal, Antonio Donato. Neto deu um prazo até hoje para que as entidades que atuam pela desativação do Minhocão elaborem os questionamentos técnicos a serem respondidos no laudo. Com esses dados, ele espera acertar a contratação. Como o IPT é um órgão público e tem notória especialização, a expectativa do parlamentar é que a contratação seja feita rapidamente, pois não haverá necessidade de uma concorrência pública. Além da demolição completa e da manutenção total da área como parque, serão analisadas propostas intermediárias, com a demolição de partes e a manutenção de outras como parque. No total, o Minhocão tem quase quatro quilômetros de comprimento.
Hoje, a via já permanece fechada para veículos automotores durante a noite e aos domingos. Um projeto apresentado por Neto e outros parlamentares propõe a restrição ao trânsito também aos sábados. Eles pretendem ainda a formalização da área como parque, para que seja criada uma estrutura de zeladoria, responsável pela gestão da utilização do espaço público. Apesar de não ser uma área arborizada nem ter sido oficializado como parque ainda, o elevado já é utilizado como área de lazer e recebe feiras e apresentações artísticas aos domingos, além de ser ocupado para atividades esportivas. A ligação entre a Rua Augusta e a via, conhecida como Buraco da Minhoca, também recebe festas noturnas.
O Conselho da Cidade — órgão consultivo criado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), com a participação de 140 representantes da sociedade civil, movimentos sociais, entidades de classe, empresários, cientistas e pesquisadores, artistas e líderes religiosos — aprovou nesta semana a abertura do Minhocão para pedestres e ciclistas a partir das 15h de sábado. O conselho também apoiou a mesma medida para a Avenida Paulista aos domingos.
As duas decisões foram tomadas com base em um parecer técnico elaborado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). No caso do Minhocão, foi feito um primeiro teste no último dia 20. Uma nova análise será feita no próximo sábado. Segundo a CET, a circulação de veículos e do transporte público não sofreu impactos significativos com a intervenção, sendo o tráfego absorvido por vias alternativas. Os técnicos da empresa fizeram medições, fotografias e filmagens aéreas e de solo do fluxo de veículos em vias alternativas e concluíram que não houve dificuldade de circulação. Ajustes semafóricos e restrição de estacionamento no meio-fio de algumas ruas foram as medidas estudadas para que o trânsito não fosse afetado. No caso da Paulista, o teste foi feito no último domingo, quando a via permaneceu fechada devido ao grande número de ciclistas e pedestres que participaram da inauguração da ciclovia inaugurada pela Prefeitura.
O bloqueio total para o fluxo de veículos automotores durou das 9h30 até as 17h30. Além de não ter impacto significativo na fluidez do trânsito nas imediações, a medida provocou um recorde no volume de ciclistas na avenida. Antes do início das obras, 85 bicicletas passavam a cada três horas no pico da manhã e 169 no da tarde. No último domingo, foram 349 no da manhã e 614 à tarde.