Rio - O presidente Michel Temer é investigado por integrar organização criminosa, obstruir a justiça e por corrupção passiva. As penas variam de dois a 12 anos de prisão. Os crimes foram apontados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base em delação premiada de empresários da JBS.
Um deles, Joesley Batista, o dono da empresa, gravou conversa com Temer, em março na qual ele chega a confessar que montou um esquema no Ministério Público Federal de vazamento de informação , o que levou à prisão, na quinta-feira, do procurador regional Ângelo Goulart Villela.
Para o criminalista Luiz Flávio Gomes , o conjunto de provas para organização criminosa e obstrução da justiça estão claros. “O empresário prestou contas a Temer, o chefe do grupo. Está mais do que caracterizada a participação no grupo do presidente”, avalia Gomes.
No inquérito, Janot aponta a trama entre Temer e o agora afastado senador Aécio Neves (PSDB-MG) para aprovar a lei de abuso de autoridade, uma anistia geral para políticos acusados de Caixa 2 e troca delegados da Polícia Federal para esvaziar os inquéritos abertos contra parlamentares e ministros acusados de corrupção.
Temer disse a Joesley que o deputado federal, agora afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) era o homem que resolveria tudo para o empresário. Loures foi filmado recebendo propina. “Os crimes estão bem descritos pelo procurador diante do conjunto probatório”, explica André Mendes, professor da FVG Rio.
Uma das defesas de Temer é a de que a gravação feita por Joesley é clandestina. O argumento foi contestado por Luiz Flávio Gomes. “Há 15 anos, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que esse tipo de gravação feita por interesse do autor é legítima”, afirmou Gomes.
Para o presidente Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, a prisão de Villela mostra a impessoalidade das investigações. Villela pode até ser demitido pelo Conselho Nacional do Ministério Público.