São Paulo - Os candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano participaram, nesta sexta-feira, do segundo debate da disputa, que aconteceu na RedeTV!. Dos 13 presidenciáveis, oito estavam no encontro: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriotas), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Marina Silva (Rede).
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso pela Lava Jato, tentou uma autorização, mas teve o pedido de presença negado pela Justiça.
Este é o primeiro debate eleitoral entre os presidenciáveis após o início oficial das campanhas eleitorais, na quinta. No último debate, realizado pela Band, no dia 9, os ataques contra Alckmin e a performance de Cabo Daciolo foram os destaques.
No encontro desta sexta, os temas envolvendo corrupção e economia predominaram.
Economia
Bolsonaro e Boulos buscaram associar a imagem do ex-ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), Henrique Meirelles, ao atual presidente.
Boulos lembrou do fato de que o ex-ministro integra o MDB, partido de diversos políticos acusados de corrupção. Meirelles, respondeu dizendo que integrou "o time dos sonhos" responsável por recuperar o país. O candidato do Psol rebateu alegando que na realidade a equipe virou "o time do pesadelo" para o país. Meirelles defendeu-se dizendo que ajudou a criar empregos "para quem trabalha, não para quem invade terras alheias".
Em um embate entre Meirelles e Bolsanaro, o candidato do MDB perguntou o que o adversário fará para combater o desemprego. A resposta do candidato do PSL começou com acusações às antigas gestões, das quais o candidato do MDB fez parte. Bolsonaro também reafirmou a criação de ministérios independentes.
Em sua primeira participação no evento, Marina Silva mencinou a prisão de Lula e acusações de "graves crimes" contra Aécio Neves. A candidata da rede perguntou a Alvaro Dias como criar empregos de forma sustentável. O candidato do Podemos disse que o combate à corrupção é uma das ações necessárias.
Outras medidas elencadas por ele foram segurança jurídica, desburocratização e reforma tributária. Como resposta, Marina prometeu moradia digna para os brasileiros e "criar um novo ciclo de prosperidade", com empregos em diversos setores.
Ainda sobre o tema economia, Ciro Gomes perguntou a Geraldo Alckmin se ele pretende manter a PEC do Teto caso eleito presidente. O tucano defendeu a redução do tamanho do Estado para resolver a situação. Em resposta, Ciro chamou a emenda de "impraticável" e prometeu revogá-la caso assuma o Palácio do Planalto. Na tréplica, Alckmin disse que a PEC do Teto foi "uma espécie de vacina contra o PT e seus aliados que quebraram o Brasil"
Em mais um confronto entre Ciro e Alckmin, o pedetista fez uma pergunta sobre política industrial e câmbio ao adversário. O tucano disse que uma política fiscal bem resolvida deve colocar o câmbio no lugar e reiterou que vai zerar o déficit em dois anos. Ciro, por sua vez, criticou a política de juros nos governos petistas, que valorizaram o câmbio e, com isso, provocaram o fechamento de milhares de indústrias.
Também foram citadas necessidades de reformas. Marina defendeu uma reforma da Previdência e Alckmin pediu uma reforma política.
Corrupção
Em uma rodada de perguntas de jornalistas, os profissionais voltaram a colocar temas de economia, como a situação fiscal brasileira, e a corrupção para os candidatos.
Questionado sobre qual seria sua política para a dívida pública, Bolsonaro comentou apenas que são números "absurdos" e que "a solução será difícil". Ele admitiu, no entanto, que a solução desse problema é "prerrogativa do presidente", contrariando o discurso que vinha sustentando até o momento, o de delegar a questão ao seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
Em seu comentário, Ciro afirmou que o maior problema da dívida brasileira é que "metade da receita" vai para rolagem e pagamento de juros, o que comprime os gastos com todo o resto. "É preciso cortar em juros", defendeu.
Alckmin foi questionado sobre suas alianças e os escândalos de corrupção que os acompanham. O tucano lembrou que uma de suas maiores propostas é a reforma política, mas admitiu, no entanto, que os partidos todos estão "fragilizados".
Alvaro Dias disse que procurou os partidos do Centrão, mas lamentou que o grupo não o aceitou por suas propostas.
Confrontado sobre o mesmo tema, Meirelles voltou a se apoiar na sua biografia no setor público e privado para se descolar do MDB. Bolsonaro, que comentou a resposta do ex-ministro da Fazenda, voltou a alfinetá-lo: "o seu partido é o partido do toma lá, dá cá, Meirelles."
Mulheres
Marina e Bolsonaro protagonizaram o momento mais quente do debate. A ex-senadora chamou a atenção do deputado sobre sua resposta em relação às propostas para as mulheres, dada anteriormente. "Você não sabe o que é ser mulher, ter as mesmas qualificações de um homem e ser a primeira a ser demitida", disse.
Antes, quando questionado sobre o tema, o candidato do PSL havia afirmado que era necessário apenas "cumprir a Constituição" e reclamou que tentavam colocar as mulheres contra ele.
Sobre as repetidas referências de Bolsonaro ao fato de ser evangélica e defender o plebiscito sobre o aborto, Marina ainda defendeu: "o Estado é laico". A fala dela foi parabenizada, posteriormente, por Boulos.