A repercussão negativa do governo Bolsonaro esteve relacionada à gestão da pandemia, à crise econômica do Brasil e à violação a direitos humanos - AFP
A repercussão negativa do governo Bolsonaro esteve relacionada à gestão da pandemia, à crise econômica do Brasil e à violação a direitos humanosAFP
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Em carta enviada ao agora presidente dos EUA, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ser "grande admirador dos Estados Unidos", por eventual posse do novo chefe do Executivo nesta quarta-feira, dia 20. No documento, ele diz que desde que assumiu o poder no Brasil, passou a "corrigir os equívocos de governos brasileiros anteriores" e que, para ele, "afastaram o Brasil dos EUA". 
"O Brasil e os EUA são as duas maiores democracias do mundo ocidental. Nossos povos estão unidos por estreitos laços de fraternidade e pelo firme apreço às liberdades fundamentais. Assim, inspirados nesses valores compartilhados, e sob o signo da confiança, nossos países têm construído uma ampla e profunda parceria", disse Bolsonaro. 
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Na carta, divulgada por Bolsonaro em sua conta no Twitter, ele cita relações bilaterais entre Brasil e EUA, como no campo econômico, ciência e tecnologia, e do desenvolvimento sustentável. Em um trecho da carta, o presidente fala sobre a questão das mudanças climáticas e proteção ambiental e Amazônia.
No período das eleições presidenciais estadunidenses, Biden chegou a ameaçar o Brasil com sanções econômicas caso o Brasil não reduzisse o desmatamento na Amazônia. Em um dos discursos, ele disse que iria prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia". Na ocasião, Bolsonaro classificou o comentário como "lamentável", "desastroso e gratuito" e criticou por várias vezes Biden no Twitter.

"Estamos prontos, ademais, a continuar nossa parceria em prol do desenvolvimento sustentável e da proteção do meio ambiente, em especial a Amazônia, com base em nosso Diálogo Ambiental, recém-inaugurado. Noto, a propósito, que o Brasil demonstrou compromisso com o Acordo de Paris com a apresentação de suas novas metas nacionais", diz Bolsonaro.

O tratado assinado por 195 países estabelece esforços conjuntos para tentar conter o aumento da temperatura do planeta a menos de 2ºC até o fim do século. Em 2019, no primeiro ano do seu mandato, Bolsonaro disse que, "por ora", o Brasil continuaria no acordo.

Bolsonaro foi um dos últimos chefes de Estado a reconhecer a vitória de Biden, ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. O presidente Biden já tinha sido anunciado como novo chefe do Executivo no dia 7 de novembro, após base na apuração dos Estados. Por lá, é assim que funciona as eleições, diferentemente daqui que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) confirma a vitória no mesmo dia da eleição. Só no dia 15 de dezembro, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota reconhecendo o resultado.

Em toda a campanha eleitoral dos EUA, Bolsonaro divulgava apoio da reeleição de Donald Trump. Ele chegou a afirmar que iria viajar até Washington para a cerimônia de posse. Já com a vitória de Biden, ele deu uma série de discursos desconfiando do processo eleitoral e dizer que houve fraude por lá. 
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Por fim, Bolsonaro diz que eles precisaram trabalhar lado a lado para enfrentar as graves ameaças que se deparam a democracia e a liberdade em todo o mundo. "Entendo que interessa ao nossos países contribuir para uma ordem internacional centrada na democracia e na liberdade, que defenda os direitos e liberdades fundamentais de todos e, muito especialmente, de nossos cidadãos. E estamos dispostos a trabalhar juntos para que esses valores fundamentais estejam no centro das atenções, seja bilateralmente, seja nos foros internacionais", finaliza Bolsonaro.