Pazuello buscou fazer uma defesa de sua atuação no caso, afirmando que ainda em dezembro "se antecipou" à crise, quando foram deslocados integrantes da Saúde para o local. "Prestamos todo o apoio possível", afirmou. "Crise de Manaus nos fez montar a maior operação de logística da história".
Sobre a compra de imunizantes, Pazuello alegou que, antes de se falar em vacinas, o governo já estaria "agindo de forma rápida". Os depoimentos já realizados à CPI mostraram que o governo deixou sem resposta propostas apresentadas pela Pfizer desde agosto do ano passado, fechando o primeiro contrato apenas em março deste ano. "Estávamos em contato com todos os fabricantes de vacinas em desenvolvimento no mundo, iniciamos com 16 prospecções mais adiantadas", disse o ex-ministro, segundo quem as primeiras conversas aconteceram com a Moderna, a Pfizer e AstraZeneca. Segundo ele, o governo optou pela tecnologia que pudesse ser transferida ao Brasil, para produção nacional em detrimento da compra direta. "Esse trabalho nos permitiu alcançar números que vão além do que estamos pensando hoje", afirmou.
"Falamos ainda no final de setembro em termos encomenda tecnológica que chegaria a quase 200 milhões de doses, e acordos com Covax que nos dariam 42 milhões de doses. Na sequência das discussões conseguimos fazer acordos que nos levaram a mais de 200 milhões de doses até o fim do ano e a partir de janeiro, com adequações da lei, conseguimos contratações finais chegando até março com contratação da Pfizer, nos levando a próximo de 550 milhões de doses", disse.
Pazuello afirmou ainda que foi "acolhido" por especialistas no Ministério da Saúde e que sua experiência no Exército colaborou para montar uma estratégia de combate à pandemia na pasta. "Pandemia serviu para escancarar problemas enfrentados no sistema de saúde. Espero que pandemia sirva de ponto de inflexão para que gestores defendam a Constituição. Espero que gestores públicos defendam a saúde quando holofotes apagarem", disse.
Experiência na saúde
O ex-ministro Eduardo Pazuello voltou a destacar, na CPI, sua experiência militar como algo que lhe conferia qualificações para ocupar, à época, a secretaria-executiva do Ministério da Saúde.
De acordo com o ex-ministro, quando comandou a 12° região militar de Manaus, ele tinha cinco hospitais sob sua guarda. "toda a saúde de 30 mil homens estavam sob a minha responsabilidade", afirmou, e voltou a destacar sua atuação na Operação Acolhida, em Roraima, onde, segundo ele, era de sua responsabilidade toda a saúde de mais de 600 mil venezuelanos, considerando que essas experiência o tornavam apto de ocupar o cargo na Saúde, destacando ainda que nem sempre o comando da Pasta foi conferido a pessoas com experiência na área.
Pazuello admitiu, no entanto, que o desenho inicial feito pelo presidente Jair Bolsonaro, com o ex-ministro Nelson Teich à frente do Ministério e com ele como segundo no comando, seria "a melhor coisa que a gente poderia ter tido". Pazuello também afirmou que em sua primeira conversa com Teich, ele reforçou que com relação a parte "finalística", se referindo às secretarias, ele não teria como ajudar, por ser uma área que ainda precisaria aprender como atuar, se propondo a tocar a parte logística do Ministério.
O ex-ministro também destacou que durante sua gestão como secretário da Saúde, a pandemia estava em um momento em que era necessário conhecimento logístico devido a necessidade de entrega de equipamento, insumos e o acompanhamento de recursos, destacando que sua primeira medida a frente da secretaria foi centralizar o centro de operações de emergência, além do fornecimento de respiradores para todos os Estados e municípios que precisavam do equipamento.