Omar AzizPedro França/Agência Senado

Por Marina Cardoso
Brasília - Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusar o presidente da Comissão de Parlamentar de Inquérito (CPI), Omar Aziz (PSD-AM), de desvio de R$ 260 milhões no Amazonas, o senador rebateu e pediu para que o chefe do Executivo comprovasse a fala dele e também cobrou respostas sobre as denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) em torno das irregularidades na compra da Covaxin. Além disso, Aziz afirmou que a CPI não vai parar, mesmo que Bolsonaro a descredibilize.  
"Como de costume passou 50 minutos no cercadinho, que utiliza para atacar a honra dos outros, de forma vil me coloca como se tivesse desviado R$ 260 milhões. Não sei onde ele ouviu isso. Como se informa através de compadre, a gente releva. Presidente, eu desafio a procurar um processo que eu seja réu ou denunciado. O senhor já mandou seus agentes de informação vasculhar a minha vida toda. Eu não tenho dúvida disso", disse Aziz.
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Em seguida, o presidente da CPI acusou Bolsonaro de ser contra a ciência pelas falas ditas ao longo da pandemia do coronavírus. "O senhor pateticamente proporciona falas contra a ciência. A doutora Francieli está confirmando para o Brasil aquilo que a gente já vinha falando sempre. Nem propaganda para vacinação este governo quis fazer", disse ele.
Aziz também argumentou que nunca acusou Bolsonaro de nada, mas que cobrava dele sobre respostas sobre a denúncia feita pelo deputado Luis Miranda. "Eu nunca chamei de genecida, não acusei de ladrão, nunca disse que o senhor fazia rachadinha no seu governo. O senhor vai para o cercadinho se junta com pessoas que não têm conteúdo para debater sobre o problema nacional. Presidente, eu não prejulgo, mas hoje estamos mandando uma pequena carta para o senhor dizer se o deputado Luis Miranda está falando a verdade ou está mentindo", afirmou o presidente da CPI.
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Em depoimento à CPI, Miranda relatou que Bolsonaro fora informado por ele e pelo irmão, servidor do Ministério da Saúde, de suspeitas de irregularidades na compra da vacina Covaxin e não investigou. Durante o questionamento de Aziz, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a comissão já não tinha respostas do presidente há cerca de 13 dias. 
Ele disse que, desde o início da CPI, o presidente tenta descredibilizar a comissão que apura investigações de omissão do governo federal no combate à pandemia e que, nesta quinta-feira, foi mais uma delas.
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"Passa 50 minutos querendo desqualificar a CPI. Só uma resposta que o Brasil quer ouvir.  Senhor presidente, chefe desta grande nação brasileira, na qual o senhor presidente tem várias pessoas que torcem para o seu governo. Por favor, diga que o deputado Luis Miranda é mentiroso, que ele está mentindo. Diga que o seu deputado, líder na Câmara, é honesto", questionou Aziz. 
Aziz ainda criticou o cercadinho de Bolsonaro e disse que ele não irá as demandas da CPI e nem as investigações feitas por ela. "No cercadinho, o presidente fala a nação de uma forma a sacar contra todo mundo. Não é o senhor que vai parar essa CPI, essa CPI vai se aprofundar. Eu lhe acuso de ser contra a ciência, acuso de não querer fazer propaganda contra a vacinação do povo brasileiro, também acuso de querer desqualificar as vacinas para os brasileiros", afirmou o presidente da comissão. 
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Em publicação no Twitter nesta quinta-feira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão de Inquérito Parlamentar, ironizou o cercadinho no Palácio da Alvorada: "A cavalgadura é tão grande que eu só não chamo o famoso cercadinho do Alvorada de estábulo para não correr o risco de afrontar as sociedades protetoras dos animais", escreveu. 
Nesta quinta-feira, durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro criticou novamente a CPI da Covid ainda acusou Aziz, sem provas, de ter desviado R$ 260 milhões do Amazonas.