Diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, na CPI da CovidPedro França/Agência Senado

Brasília - A diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, depõe nesta terça-feira, 13, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Em razão da negativa em se pronunciar, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), suspendeu a sessão e acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer os limites sobre a decisão do presidente da Corte, Luiz Fux. 
Para a sua ida à CPI da Covid, a defesa da diretora buscou respaldo no STF para permanecer em silêncio. Fux concedeu o direito de Emanuela poder se calar sobre fatos que a incriminem. Porém, durante a sessão, a diretora se negou a responder as perguntas feitas pelos senadores. Logo, eles se manifestaram e discordaram que a decisão de Fux garanta um sigilo total.
Publicidade
Apesar de ter sido convocada como testemunha, Emanuela alegou que, por ser investigada, ficaria em silêncio para não produzir provas contra si mesma. 
Por isso, Aziz decidiu por suspender a sessão para que a comissão entrasse imediatamente com "embargos de declaração" junto ao Supremo. O recurso não altera a sentença de Fux, mas é uma forma de pedir maiores esclarecimentos ao juiz ou tribunal que emitiu a decisão.
Publicidade
"Quero dizer a vossas excelências que caso a depoente não responda nenhuma pergunta, nós iremos entrar com embargo de declaração para que o presidente do Supremo possa esclarecer quais são os limites da depoente em ficar em silêncio, e a convocaremos novamente', declarou Aziz.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) sugeriu que Aziz tivesse uma reunião com Fux, para tratar justamente deste assunto. “Procurem o STF, no sentido de estabelecer uma hora e um diálogo com o Poder Judiciário para poder restabelecer os princípios de pesos e contrapesos que deve haver entre os Três Poderes”, disse Braga.
Publicidade
Logo após a sessão ter sido suspensa, Aziz convocou uma reunião com os advogados de Emanuela Medrades para debater o tema. O presidente da CPI informou que o recurso do STF seria protocolado.
“Primeiro o seguinte: nós fizemos uma pergunta-teste simples. Baseado na resposta dela, iremos suspender a reunião, chamarei os advogados e entraremos com embargo de declaração neste momento ao presidente Fux para que ele possa nos responder. Não vou perder meu tempo em ouvir uma depoente que não quer colaborar nem dizer qual é o papel dela na empresa", disse Aziz.
Publicidade
No ofício enviado para Fux, Aziz questiona se Emanuela não incorre no crime de se negar ou calar a verdade como testemunha perante a CPI. "Em seu depoimento da data de hoje, tem reiteradamente se negado a responder perguntas simples e que sob qualquer hipótese tem o condão de incriminá-la, conforme restou amplamente divulgado pela mídia, como, por exemplo, qual seria o seu vínculo de profissional com a empresa Precisa", afirmou o presidente da CPI no pedido enviado ao presidente do STF.
Por conta do recesso judiciário, as questões enviadas ao STF estão sendo resolvidas diretamente pelo presidente do tribunal, Luiz Fux, que atua em regime de plantão.
Publicidade
Críticas ao governo Bolsonaro
Em falas com o tom elevado durante reunião da CPI da Covid, Aziz também respondeu às críticas do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores, e disparou contra Bolsonaro, chamando-o de "agressor de mulheres" e "péssimo presidente", e ironizou: "Grande motoqueiro o Brasil tem, péssimo presidente o Brasil tem".
Publicidade
O presidente da CPI da Covid aproveitou para criticar os parlamentares governistas que se mobilizaram durante a prisão de Roberto Dias. "Eu vi aqui uma correria quando aquele cidadão [Roberto Dias] que está envolvido em tudo que é treta no Ministério da Saúde, quando foi dada voz de prisão a ele. Era uma correria do governo até ir lá aonde ele estava detido, membros do governo e aliados do presidente foram lá se solidarizar com uma pessoa que foi exonerada por indício de corrupção. Quem foi lá foi quem defende o governo Bolsonaro aqui dentro", apontou.
Aziz também ficou irritado com a recusa de Medrades, em responder aos questionamentos dos membros da comissão por estar amparada por um habeas corpus. "É uma pena que o Brasil, com mais de 534 mil mortos, a gente não consiga investigar o mínimo. Ontem foi ouvida na Polícia Federal e mais tarde é concedido um Habeas Corpus para ficar em silêncio", disse.
Publicidade
"Por incrível que pareça as pessoas antigamente escondiam que estavam sendo investigadas pela Polícia Federal. Agora não. Todo mundo fala que está sendo investigado para poder conseguir um Habeas Corpus e ficar quieto aqui na CPI", esbravejou o senador.
Acompanhe Ao Vivo: